Enquanto se imaginava que a espionagem internacional estava cercada. Uma nova revelação foi feita pela imprensa alemã. O serviço secreto alemão BND espionou a França, União Europeia e empresas europeias por meio da agência de segurança nacional americana, a NSA. Semana passada, a gigante da aviação Airbus revelou que foi espionada pela BND. Isso criou uma crise política no governo da chanceler Angela Merkel e o seu ministro do interior, Thomas de Maiziere vão se explicar ao Bundestag (parlamento alemão) nessa semana.
Merkel defendeu a agência afirmando que a mesma protegeu a Alemanha de outros serviços de inteligência como a própria NSA. Mas a grande questão é como o BND se prestou a este serviço sujo. Os alemães estão traumatizados desde da polícia secreta da antiga Alemanha Oriental, Stasi, que espionava todos aqueles que ameaçavam o regime comunista. Tanto que no tempo da Guerra Fria, o chefe da Stasi, Markus Wolf foi capaz de infiltrar um agente chamado Gunter Guillaume no gabinete do chanceler alemão-ocidental e pai da ostpolitk, Willy Brandt em 1974.
Em 2013, o jornal britânico The Guardian revelou que a ag GCHQ espionou o governo alemão. Como se não bastasse, o vazamento de documentos secretos da NSA comprovaram que a agência americana monitorava o telefone celular de Merkel. O que irritou a chanceler que junto com a presidente Dilma Rousseff discutem desde de então. Um meio para evitar a espionagem de líderes internacionais por meio da internet e afins. A resolução ainda não foi discutida no plenário da ONU.
Na época, Merkel achou inadmissível a espionagem americana. Agora, Merkel terá que se explicar diante do parlamento sobre as atividades da BND. Tanto que os parceiros de coalizão, os sociais-democratas, estão pressionando o governo para que este caso seja solucionado e pedindo a demissão de Thomas. Não se sabe como irá se comportar o bundestag diante deste novo escândalo. A primeira crise política de Merkel em 10 anos no comando da chancelaria alemã e desde do fim do mandato de Helmut Kohl no comando da democracia-cristã.
Não sabemos como irá se desenrolar a nova crise política alemã. Merkel quer agir de maneira exemplar e evitar uma eventual convocação de uma eleição antecipada dado o fato do rompimento do governo de coalizão entre sociais-democratas e democratas-cristãos. Isso vai exigir uma reformulação do BND para que possa exercer suas atividades de acordo com as leis alemãs. Se Merkel não for bem em sua audiência na quarta-feira. Teremos tempos turbulentos em Berlim.