Judeus da Bessarábia

As imagens de um aeroporto da região russa do Daguestão onde muçulmanos criam um tumulto no local ao saber que um voo de tel aviv tinha cidadãos israelenses e judeus mostra que o mundo está complicado. Ainda mais em um país como a Rússia onde o presidente Vladimir Putin se encontrou com representantes do grupo terrorista Hamas dias atrás por intermédio do governo iraniano, um aliado de primeira hora do Kremlin.

A questão dos judeus russos mostra quão complicado tal problema. O documento Os priorados do sião foi forjado por Moscou contra a população judaica afirmando que havia uma conspiração mundial. Isso criou as teses antissemitas. Tanto que os pogroms na Europa eram justificados em tais argumentos porque temiam uma nova ordem mundial que fosse ditada por notáveis de origem judia pelo mundo e afins.

Mas tanto preconceito era comum na União Soviética. Mesmo tendo lutado contra o nazifascismo na segunda guerra mundial e ter municiado Israel na guerra pela independência de 1948. Moscou tinha uma sanha contra os judeus alimentado pela paranoia stalinista. Stalin não gostava de médicos e da população judaica russa. Isso criou um sentimento de renúncia dos credos judaicos em prol da aceitação da ideologia comunista.

Quando a União Soviética foi dissolvida em 1991. Judeus russos se mudaram para Israel criando uma onda de imigração para Tel Aviv. Outros decidiram voltar a Alemanha recém-unificada por estarem seguros. Mas a questão de ontem no Daguestão criou um sentimento dos velhos traumas. Tal região russa é majoritariamente muçulmana. Tanto que era um dos polos do terrorismo no Caucaso junto com a Chechênia.

O último grande atentado russo no aeroporto de Moscou em 2010 foi causado de uma mulher russa com explosivos que vivia no Daguestão. Os muçulmanos reclamam da falta de prioridades de Moscou. O Caucaso tem casos do homofobia e xenofobia. O simples boatos sobre judeus em um voo de Tel Aviv nos mostra que há algo errado naquela parte do mundo tão esquecida pela política russa de manter o poder por meios autoritários.

O povo da pátria-mãe

A BBC tem um escritório em Moscou. Como toda a imprensa estrangeira em solo russo. Está adotando as medidas como o usar o termo Operação Militar Especial invés de guerra na Ucrânia. Mas o editor de assuntos russos, Steve Rosenberg, tem feito reportagens sobre a questão indo de composições em seu piano (ele é pianista nas horas vagas) e conversando com os moscovitas nas ruas de capital russa sobre tal momento.

Com a operação militar especial (é assim como se chama a guerra da Ucrânia na Rússia) em andamento. A Duma (a câmara baixa do parlamento russo) aprovou uma lei onde qualquer crítica a incursão militar russa seja em rede social seja pública ou a publicação de informações que sejam consideradas falsas são passíveis de prisão e julgamento cuja a pena é a prisão em uma cadeia onde pouco se preza por direitos humanos em um país onde os tribunais trabalham como apêndice do Kremlin como as condenações do líder da oposição Alexei Navalny.

Isso impede críticas duras a Putin. Mesmo em um momento onde o grupo de mercenários Wagner seja usado como um braço da política externa russa nos países africanos onde o Ocidente não é visto com bons olhos como o recente golpe militar no Niger. O líder da organização com Iegueny Prighozjin é conhecido por seus áudios no canal do Telegram onde xingava o ministro da defesa Serguei Shoigu com palavras de baixo calão.

A rebelião de Junho feita pelo Wagner mostrou fissuras em Moscou. Putin ainda tenta entender o que motivou a queda de seu governo. Isso é um assunto entre os correspondentes em Moscou onde lidam com a censura e a ameaça de prisão como aconteceu o jornalista do Wall Street Journal que foi preso antes da presepada militar de Prighozjin onde aguarda o julgamento de cartas marcadas como é comum na era Putin.

Na União Sovíética, os jornais ocidentais tinha os Kremlinlogistas que eram acadêmicos ou jornalistas com formação acadêmica em estudos russos. Foi-se o tempo onde tais tentativas de entender a URSS. Agora, a operação militar especial faz que se tenha uma fuga de cérebros para o ocidente e a ida dos jovens endinheirados para a ilha de Bali para a irritação da população local. Este é o povo e seus dilemas na pátria-mãe.