Tenho uma amiga escritora que luta por mais inclusão de minorias como as mulheres negras como ela no circuito literário. Penso nisso quando converso com ela sobre os nossos sonhos literários. Mas deparamos com uma realidade onde não somos vistos como parte de um grupo intelectual por mais que no meu caso por causa do combo esquizofrenia/autismo/aspie em que nossa sociedade pensa de uma forma arcaica sobre o admirável mundo novo dos tempos contemporâneos.
Minha amiga escritora tem um longo trabalho de incluir a palavra da mulher negra no mundo literário. Eu posso discordar do discurso identidarista que reina neste setor cultural. Por mais que nós falamos de inclusão. Mas vejo poucas pessoas negras escrevendo, editando e publicando livros tanto por editoras quanto por sites de comércio virtual que lhe rende um ganho com os direitos autorais. Então, temos que mudar uma realidade tão complicada como agora.
Minha amiga colunista da Folha conseguiu um contrato de trabalho pra traduzir a biografia da filósofa alemã Hannah Arendt. Ambas são judias e escrevem muito bem sobre o mundo literário. Porém, ela conseguiu o primeiro grande trabalho por ser professora de mestrado em uma universidade irlandesa no condado irlandês de Cork. Com a pandemia, ela engrenou o trabalho com as colunas do jornal junto com um podcast. Ela nasceu em Recife e gosta do Asterix.
Porém, como iremos resolver tais distorções?
Precisamos expandir o mercado literário criando a cultura de ler livros. Mas lidamos com uma realidade onde as pessoas pensam que quem lê é uma pessoa da elite. Sem contar o obscurantismo das redes sociais onde as pessoas querem patrulhar aqueles que pensam diferente. Falta um certo pluralismo onde ideias heterogêneas possam conviver em um mundo homogêneo.
A muito trabalho pela frente.