O pequeno ser que não frequentou os bancos acadêmicos

Minhas experiências no mundo acadêmico foram frustantes como os seminários de cultura judaica onde tinha mais gente falando de suas teses do que respeitar o tempo estabelecido pela mediadora junto com a minha tentativa atrapalhada de fazer piadas sobre Binyamin Netanyahu. Pois bem, estou no Xmusk quando vejo os jovens falando de suas experiências na Eca-USP se gabando de estarem em uma universidade.

Sabemos que o ensino superior ainda é um sonho distante mesmo com as políticas de acesso que foram retomadas pelo governo. Por mais que isso permite a formação de uma rede de contatos que ampare a vida profissional como é comum nas universidades americanas e chinesas. Mas para mim, isso me soa estranho porque não vejo uma preocupação com os estudos porque eles querem ficar nas baladas universitárias.

Não quero privá-los disso. Mas precisamos de um equilíbrio. Lembro de um grande amigo meu como o Renato. Ele era um professor do curso de mecânica do instituto com seu senso de humor do chão de fábrica. Ele me contou a história de uma professora formada na USP que focou nos estudos, mas não conseguiu um bom emprego. Eu estava na informática e ia a oficina porque os meus amigos estavam lá por causa de professores como Venâncio e o Alaor.

Em 2007, eu estudava inglês de manhã e a tarde estava no instituto pro curso técnico de informática. Eu aprendia sobre os computadores e ficava na fatec onde lia a Folha de S. Paulo no intervalo. Isso me ajudou e muito porque eu conheci amigos de boteco e de vida do meu pai como Rodolfo e o próprio Renato. No tempo livre, aproveitava pra ficar na escola e ia a mecânica pra conversar onde aprendia sobre a vida.

Hoje, os uspianos querem curtir a vida e tirar a paciência do reitor por causa da contratação de professores. Mas eles podiam ser um pouco mais humanos e verem outras realidades invés de ficarem discutindo temas que pouco encontram eco no mundo real. As pessoas querem ter o conhecimento pra ter um progresso na vida. Mas encontramos muita futilidade invés de solidariedade entre os estranhos no ninho.

O lado informal

Em 2020, eu estava em um seminário sobre cultura judaica. Mas entrei no meio do evento e fiz um stand up tirando sarro do Netanyahu. Quando acabou, a professora e eu ficamos conversando por um tempinho no zoom. Eu tinha lhe feito uma pergunta sobre os intelectuais públicos e fui elogiado por nossa moderadora. Falamos sobre ficarmos com a mente ocupada em um momento onde as pessoas estavam com a cabeça no outro mundo.

Mas não dei certo na outro seminário sobre Derrida porque os meus colegas não me ajudaram porque estavam preocupados em tecer suas visões e atrapalhando o andamento da palestra. Eu fiquei um pouco mal sobre isso por causa da ausência de informalidade. Estou falando daquele momento que nos desarmamos e podemos conversar tranquilamente sobre o assunto sem ter que fazer um relatório acadêmico sobre tal objeto de discussão.

Na minha convivência com os meus amigos acadêmicos do ocidente do norte. Eu já troquei tweets sobre o futebol americano e falando sobre o New York Yankees com o meu amigo professor americano. No ano passado, eu estava em um debate sobre o plágio no mundo acadêmico onde ficamos em uma longa conversa produtiva onde se defendia o ponto de vista de termos uma escrita mais simples com os devidos créditos a bibliografia das teses acadêmicas.

Uma amiga minha que é escocesa pensou que eu fosse um professor. Mas lhe expliquei que sou um blogueiro e ela me entendeu. As longas discussões no mundo acadêmico não encontram eco na realidade como a minha por exemplo. Mas isso não nos afasta. Isso me lembra o meu amigo professor de filosofia britânico e eu falando sobre o futebol inglês e os carros suecos quando estávamos com tempo livre no Twitter.

As pessoas ficam receosas para falar suas opiniões nas redes sociais. Sem contar o conflito aberto entre os acadêmicos e o povão aqui no Brasil por causa da nossa necessidade de mostrar um vasto conhecimento sobre o nada ou a soberba de deter um desconhecimento. Se nós pudéssemos discutir os nossos assuntos como uma troca de ideias invés de ficarmos corrigindo os outros. O mundo seria melhor e mais informal.

Os amigos acadêmicos

Meu amigo americano que é professor de filosofia tinha comentado sobre um ex-aluno tinha lhe perguntado sobre como publicar um artigo científico. Os professores universitários tinham argumentado sobre como o plágio tinha afetado o mundo acadêmico. Lá eu dizendo sobre escrever de forma simples e citando a bibliografia por meio de mencionar os autores que inspiraram as ideias originais em momento de copia e cola.

Vários colegas dele na filosofiatt estavam reclamando dos alunos serem preguiçosos em suas minutas onde não citam a bibliografia. Lá eu falei para que os pupilos tomem notas das aulas e consultem as bibliotecas para formatar uma ideia original. Além de escrever de uma maneira mais simples para que possam ser compreendidos. Isso ajuda os alunos a terem ideias originais no momento de inteligência artificial em detrimento ao natural.

Outro momento, minha amiga escocesa estava comentando sobre a poesia contemporânea. Ela é poetisa. Eu tinha argumentado que um poema pode gerar novos versos. Porém, um amigo dela que é professor universitário estava tentando explicar a questão dos autores mortos e eu estava argumentando com as minhas citações de autores traduzindo do português para o inglês. Nós chegamos a conclusão onde temos muito a avançar.

Eu tive tais discussões com os meus amigos acadêmicos no twitter. Algo inviável no Brasil devido ao elitismo de nossa elite pensante onde não aceitam uma pessoa sem diploma universitário possa discutir tais assuntos. Parece que somos invisiveis por que não frequentamos as bancas acadêmicas com aquela escrita intricada e rebuscada que nos afasta por não termos a oportunidade de escrever de forma simples e afins.

Logo entendo como o nosso país dos elitistas não consegue dar um novo passo onde se inclui novos atores com o intuito de organizar o modelo de desenvolvimento econômico, social e intelectual em que não se pode ignorar uma ascensão no meio acadêmico de pessoas onde não tem um membro da família em tal mundo. Afinal, vivemos em um país onde nos julgam a todo momento. Porém, temos que achar um meio que nos estenda a mão.