Ausência de jornalismo

Durante a visita do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak a Israel. O presidente israelense Isaac Herzog fez duras críticas a emissora pública britânica BBC. O motivo é que a empresa que tem correspondentes na Faixa de Gaza não apurou direito a questão da explosão de um hospital na região. Mas em Tel Aviv, o gabinete de guerra quer fechar o escritório da rede de tv catari Al Jazeera no país por dar voz a oficiais do grupo terrorista Hamas.

Em um momento de confronto aberto entre o grupo terrorista Hamas e o governo israelense a primeira vítima é a verdade. A Al Jazeera que é uma referência na cobertura do mundo árabe desde 2001 quando exibia os vídeos do líder da Al Qaeda Osama Bin Laden e fez duras críticas a Guerra do Iraque em 2003. Mas a rede de TV vem sofrendo críticas nos últimos anos devido a falta de direitos humanos no emirado do Catar como na copa do mundo de 2022.

Para fazer um contraponto a Al jazeera. A BBC lançou serviços de canais de notícias em árabe e persa. Tanto que mantém escritórios na Faixa de Gaza e em Teerã. Isso ajuda no soft power britânico no mundo árabe. Porém, a guerra está dando problemas a emissora britânica pelo fato de sua linha editorial não se refere ao Hamas como grupo terrorista. Isso foi criticado pela oposição trabalhista e pelo secretário de defesa Grant Shapps.

Em Israel, os jornais como Haaretz e Times of Israel fazem uma cobertura honesta dando voz aos boletins da IDF. Porém, os editoriais e os colunistas fazem duras críticas ao governo do primeiro ministro Binyamin Netanyahu. Ao mesmo tempo, que o jornalismo de opinião expõe o westplanning. Ou seja, um ocidental metido a opinar sobre assuntos do oriente médio segundo uma perspectiva onde o Ocidente tenha uma supremacia.

A falta de investigação das informações divulgadas pelo Hamas em Gaza só foram evidenciadas na explosão do hospital. Não se sabe os números exatos de mortes no lado palestino e até mesmo quantos israelenses são reféns de facto sob custódia do grupo terrorista. Estamos em um momento onde a ausência do jornalismo se mostra deletério para recuperar a primeira vítima de uma guerra que é a verdade.

O povo da pátria-mãe

A BBC tem um escritório em Moscou. Como toda a imprensa estrangeira em solo russo. Está adotando as medidas como o usar o termo Operação Militar Especial invés de guerra na Ucrânia. Mas o editor de assuntos russos, Steve Rosenberg, tem feito reportagens sobre a questão indo de composições em seu piano (ele é pianista nas horas vagas) e conversando com os moscovitas nas ruas de capital russa sobre tal momento.

Com a operação militar especial (é assim como se chama a guerra da Ucrânia na Rússia) em andamento. A Duma (a câmara baixa do parlamento russo) aprovou uma lei onde qualquer crítica a incursão militar russa seja em rede social seja pública ou a publicação de informações que sejam consideradas falsas são passíveis de prisão e julgamento cuja a pena é a prisão em uma cadeia onde pouco se preza por direitos humanos em um país onde os tribunais trabalham como apêndice do Kremlin como as condenações do líder da oposição Alexei Navalny.

Isso impede críticas duras a Putin. Mesmo em um momento onde o grupo de mercenários Wagner seja usado como um braço da política externa russa nos países africanos onde o Ocidente não é visto com bons olhos como o recente golpe militar no Niger. O líder da organização com Iegueny Prighozjin é conhecido por seus áudios no canal do Telegram onde xingava o ministro da defesa Serguei Shoigu com palavras de baixo calão.

A rebelião de Junho feita pelo Wagner mostrou fissuras em Moscou. Putin ainda tenta entender o que motivou a queda de seu governo. Isso é um assunto entre os correspondentes em Moscou onde lidam com a censura e a ameaça de prisão como aconteceu o jornalista do Wall Street Journal que foi preso antes da presepada militar de Prighozjin onde aguarda o julgamento de cartas marcadas como é comum na era Putin.

Na União Sovíética, os jornais ocidentais tinha os Kremlinlogistas que eram acadêmicos ou jornalistas com formação acadêmica em estudos russos. Foi-se o tempo onde tais tentativas de entender a URSS. Agora, a operação militar especial faz que se tenha uma fuga de cérebros para o ocidente e a ida dos jovens endinheirados para a ilha de Bali para a irritação da população local. Este é o povo e seus dilemas na pátria-mãe.

O independente que escuta a Formula 1 em inglês

Um amigo meu de longa data do mundo da Formula 1 comentou comigo sobre a boa é ver as transmissões em inglês das corridas de F1. Então, eu lembrei de uma troca de tweets onde eu defendi a transmissão da Sky Sports F1 britânica durante a sessão de classificação do GP da Itália em 2019. Eu estava irritado com os problemas do player do SportTV Play naquela ocasião e optei pelos britânicos para assistir no meu notebook.

A relação Formula 1/Inglês começou em 2015 no GP da Austrália quando conheci o meu amigo britânico onde trocamos tweets no idioma de George Osborne. Foi um gesto de cara de pau de minha parte junto com o domínio da escrita inglesa. Naquela época, eu dava um jeito para assistir as corridas na BBC One por meio das escalas. Foi assim que comecei a trabalhar com a Formula 1 como redator do Vida de Paddock com meu estimado chefe manauara.

Naquele momento, eu já estava postando em inglês no HC World Service onde aprendi a escrever lendo as matérias da BBC News que postava online. Mas trocar ideias sobre as corridas foi com o meu amigo britânico ao longo de 7 anos no Twitter. Ele estava ocupado nas redações onde passou e quando tinha uma oportunidade. Ele ouvia a BBC Radio 5 Live por não aturar a transmissão da Sky Sports Britânica naquele momento.

Nas escalas dele no fim de semana onde ficava de plantão. Eu fazia um live commentary. Ou seja, contava a corrida pra ele no Twitter seja tweets seja DMs. Nós ficávamos comentando a prova pela troca de informações. A internet banda larga inglesa tinha problemas parecidos com a nossa fibra ótica de capim. Então, dávamos um jeito de atualizar o andamento da corrida por meio de nossas conversas no Twitter.

Hoje, ele se aposentou do mundo das corridas para ficar mais tempo com o neto em sua idade de um digito. Conheço dois filhos dele com quem tenho contato quando possível no Twitter. Eu o entendo em um momento da vida onde ele quer ficar desligado no countryside britânico com sua esposa e seus cavalos e burros no pasto. Já a mim, vou ficar escutando a BBC Radio 5 Live quando tiver uma oportunidade.

Respeito ao jornalismo

Meu amigo britânico está trabalhando no novo canal de notícias do Reino Unido. Hoje, ele postou um tweet em defesa de Nicholas Watt, editor de política do Newsnight, que foi impedido de trabalhar durante a manifestação anti-vacina. Ele cobrou respostas da Scotland Yard a respeito disso. A nova emissora noticiosa recebeu duras críticas do The Guardian por causa do estilo debate de assuntos internos tão comum em canais americanos como a Fox News e MSNBC.

Vivemos um tempo complicado onde o jornalismo é visto como inimigo público Nº 1 do totalitarismo. A busca pela verdade e a ampla investigação do quarto poder como foi descrito em filmes como Todos os homens do presidente e The Post: A Guerra Secreta onde o Washington Post foi capaz de derrotar o governo Nixon em dois episódios como os Papeis do Pentágono e o Escândalo Watergate nos mostra o vigor dos questionamentos da imprensa perante o poder de plantão.

A GB News, onde o meu amigo trabalha. Fez duras cobranças ao governo Johnson sobre a questão do adiamento do fim das medidas restritivas para conter o coronavírus que seria na semana que vem devido a alta de casos da variante Delta do Sars-cov-2 na Inglaterra. O que motivou a revolta contra Watt é que a Escócia irá revogar isso no fim do mês junto com a revisão prometida pelo governo galês. A Irlanda do Norte irá tomar a mesma decisão em uma reunião entre republicanos e unionistas nas próximas semanas.

Logo entendemos quão complicado o trabalho da imprensa. A BBC sofre com o desgaste do caso Lady Di onde o jornalista Martin Bashir poderá ser processado por forjar documentos falsos para conseguir uma entrevista com a princesa Diana para uma edição especial do Panorama em 1995. A Auntie BBC lida com isso ao expor tais problemas para o escrutínio público em um momento onde vemos a ascensão de canais de notícias como a Sky News e a GB News.

Nicholas Watt é mais um que sofre com a descrença da imprensa perante o público. Nos últimos meses, o Newsnight tem travado uma guerra interna contra o governo Johnson. Ao mesmo tempo que a BBC teve que lidar com as hostilidades de militantes do Partido Trabalhista contra a editora de política Laura Kuensberg durante a Era Corbyn por causa das investigações da BBC sobre casos de perseguição aos judeus por críticas ao líder Jeremy Corbyn ter opiniões a favor de grupos palestinos como Hamas, que pregam a destruição de Israel.

Assim caminha a humanidade.

A crise dos canais de noticias

Em 1981, o conceito de canal de notícias foi posto em prática com a criação da CNN por Ted Turner para abastecer o nascente mercado americano de TV fechada. Mas passados 35 anos. Fica-se claro que este modelo de televisão não pode ser praticado por emissoras públicas como a britânica BBC e a qatari Al Jazeera diante dos altos custos de manutenção e produção de conteúdo.

No Reino Unido, está se discutindo o debate do fim do BBC News Channel e que seus jornalistas possam trabalhar no site da BBC e em aplicativos em celulares. A emissora britânica está passando por um preço de corte de gastos além do processo de renovação do Royal Charter que regula as atividades da mesma que vai ser analisada pelo parlamento britânico durante esse ano.

No caso da Al Jazeera, a emissora qatari luta com todas as suas forças para entrar no mercado americano desde do lançamento do serviço em inglês no ano de 2006. A monarquia decidiu comprar uma operadora de TV por assinatura e criar o Al Jazeera America como uma forma de fortalecer a sua posição diante de concorrentes como CNN e Fox News.

Os custos dos canais de noticia mostram muito caros por causa de manter uma ampla rede de correspondentes e jornalistas para produzir conteúdos 24 horas por dia e 7 dias por semana. Enquanto a BBC News pode ser fechada por custar caro. O governo britânico decidiu repassar mais recursos para a BBC World News e o serviço de rádio BBC World Service.

O debate sobre os canais de notícia vai exigir uma ampla discussão sobre como as pessoas vão consumir conteúdos noticiosos através de computadores e celulares. A sobrevivência dos mesmos vai depender em como se resolver a questão dos custos de produção junto com a manutenção de tais serviços. Assim teremos informação de boa qualidade a qualquer hora do dia.