Hefner destrinchado

Eu tenho uma coleção de Playboys. A revista sempre contava a versão oficial e meio hagiográfica de Hugh Hefner como o homem que criou um império dos sentidos dos homens cansados das reportagens de pesca da Esquire. Porém, a face humana se mostra mais problemática do que se imagina por causa dos relatos das ex-namoradas e playmates nas quais Hefner desnudou ao longo de 64 anos que comandou sua revista.

Sai de cena o rebelde que usou sua influência para dar visibilidade a causas como os direitos civis nos Estados Unidos dos anos 1960 para dar lugar a um senhor com uma vida sexual que beira a esquisitice. Se Sondra Theodore contou na série documental da E entertainment sobre a bizarrice do bestialismo cometido por Hefner com seu cachorrinho ou recentemente Crystal Harris falar das limitações de tal senhor nos últimos anos de vivência.

Hefner foi um homem complexo que as hagiografias falavam de seus atos, mas que as mulheres que conviveram relatam suas bizarrices e suas paranoias. O sujeito cujo os clubes noturnos que criou foram alvo de uma longa reportagem de Gloria Steinem se passando por uma coelhinha nos anos 1960 ao mesmo tempo que abriam as portas para artistas negros se apresentarem mesmo em estados americanos com leis racistas na mesma época.

O criador da Playboy não era mais a figura que inspirava vários homens ao criar uma revista que tinha ensaios de nu da garota ao lado junto com contos literários e reportagens de folego. Entra em cena um homem com seus defeitos e virtudes que controlava com mão de ferro a vida de suas namoradas. Isso não era de se espantar por meio de relatos de suas exs como Holly Madison e da viúva Crystal Harris que engrossaram o coro.

A Playboy era uma instituição masculina que hoje não encontra eco por meio dos avanços da igualdade entre homens e mulheres. Os sites de assinatura de conteúdo aperfeiçoaram o modelo de hefner e sua criação foi trazida a reboque de tais serviços. Nem temos os canais de tv a cabo que eram uma referência nos anos 1990 e sem contar a revista com suas reportagens, entrevistas e contos. Afinal, hoje vemos Hugh Hefner como um senhor com problemas relacionados a vida sexual que as escondia na faceta do homem cool de 1953.