Tsundoku e o draft

Minha amiga torcedora do Toronto Maple Leafs estava comentando sobre os hábitos literários como comprar livros que você não lerá. Pois bem, isso tem um termo em japonês que é Tsundoku. Eu aprendi isso com uma filósofa norueguesa com quem trocava tweets por falarmos do mundo acadêmico nas redes sociais. O Japão é a 3º maior economia do mundo onde temos os leitores de Haruki Murakami e os Keijidoshas (os carros pequenos com motores menos de 1.000 cilindradas).

A minha amiga torcedora do Toronto Maple Leafs gosta de ler mesmo com a franquia da NHL que tanto sofre não lhe trazer tantas dores de cabeça. Ela ia acompanhar o draft da NFL. Mas eu estava ocupado na transmissão da ESPN Radio americana onde teria a cobertura do evento com som original no idioma de Barry Goldwater. Mas vejo a NFLtt com aqueles homens barbudos e com uma pança reclamando das escolhas como se fossem autoridades no assunto.

Eu não fico incomodado. Mas tem muita vaidade e as pessoas querem marcar território dizendo o que bem entende como uma forma de mostrar serviço. Nessa semana, o perfil oficial da NFL BR fez um draft entre os influenciadores digitais. Pois bem, a discórdia começou porque quem representou o Pittsburgh Steelers era um página de humor que usava o nome de Kenny Pickett, que foi draftado por Pittsburgh e foi despachado para o Philadelphia Eagles.

Muita gente quer ser reconhecida. Mas me lembro das discussões sobre bolhas tóxicas e o espírito do tempo contemporâneo onde se acha espaço dando cotoveladas a esmo nas redes sociais. Na era da ditadura da minha opinião. Não somos surpreendidos com a ausência de pluralismo, liberdade de opinião e fartura de xingamentos com intromissões em diferentes formas de desqualificar o coleguinha e afins

Bem, a minha amiga torcedora do Maple Leafs vai ler um livro e pedir ajuda a Murakamisan pra que a franquia de Toronto possa avançar para o round 2 dos playoffs da NHL…

Ignorância e Ressentimento

Estou no meu Xmusk quando a minha amiga correspondente em NY fazia duras críticas ao Itamaraty devido a posição da diplomacia brasileira com a morte do dissidente russo Alexei Navalny em uma prisão russa no círculo polar ártico. Pois bem, um sujeito protestou contra ela tecendo uma tese sobre os loucos anos 1990 em Moscou sem nexo com a realidade só para dizer que estava certo invés de reconhecer os erros inseridos em tal argumentação.

Isso não me surpreende….

Eu já ouvi alguns absurdos no mundo real onde a única que fiz é deixar falando sozinho. O que adianta discutir porque a pessoa crê em tais teses onde afirma que tem um conhecimento que se destoa da opinião consensual. Ou seja, se trata de uma ignorância esclarecida amparada em teorias conspiratórias só para afirmar sua posição como dono da razão perante nós cujo o ressentimento vira uma arma política para ditadores.

Este triste fim de filmes contemporâneos se repete desde 2016 quando Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos com o lema da grande América na sua defesa da construção de um muro na fronteira com o México e criticava a globalização onde a população dos estados americanos onde as fábricas foram fechadas em que as linhas de produção foram transferidas para países de mão de obra barata por meio de acordos de livre comércio com os Estados Unidos.

Pois bem, eu sempre me deparo com tais loucuras humanas dos ressentimentos nas redes sociais onde os paulistanos culpam os paulistas do interior por terem eleito o governador paulista do Guanabara. Sem contar as torcidas de esportes como o futebol e o futebol americano onde trocam farpas para ver como tais atividades esportivas precisam ter mais público onde as futuras gerações não tem dúvidas de ficar na frente de um PS5. Isso é retroalimentado pela ignorância das redes sociais.

As pessoas tem um desejo de vingança permanente. Pode soar contraditório vindo de mim por ter escrito uma pensata sobre os meus problemas com os jovens em diferentes fases da minha vida. Mas as pessoas estão embriagadas pela soberba da ignorância junto com a raiva do ressentimento que nos move para os desejos de chegar ao poder e promover expurgos e perseguições contra aqueles que julgam ser tais inimigos da pátria.

Enfim, a triste combinação da ignorância e do ressentimento nos leva a um filme de terror com final aberto.

Claro expresso

Eu tenho trocado tweets com conhecidos que são sionistas. Os dias tem sido áridos com a guerra e o antissemitismo nas redes sociais. Eu tinha explicado a minha posição sobre o estado de israel. Um conhecido fez uma observação e logo notei que teria de ser mais claro no assunto. Elaborei uma resposta que não tivesse dúvida sobre isso e ele concordou comigo sobre tal discussão em nossa troca de tweets pra lidar com isso.

Eu cometo equivocos por escrever rápido no Twitter e as pessoas me perguntam pedindo uma explicação sobre um tweet meu. Isso não me incomoda porque posso expor algo de uma forma mais clara. Porém, eu sinto que as minhas explicações não são o suficiente diante de um momento onde a pessoa quer que você concorde com a opinião dela invés de respeitar o teu ponto de vista para se ter uma livre-circulação de ideias.

Nas minhas trocas de tweets com os portugueses. Eu vejo esse conflito acentuado devido a queda do primeiro-ministro António da Costa por causa da investigação da operação Influencer. Seus opositores defendem o ministério público e o presidente Marcelo Rebelo de Castro por ter convocado a eleição geral de 10 de março enquanto seus apoiadores acusam a procuradoria de lawfare, ou seja, o uso da justiça como ferramenta políticas para promover um golpe de estado.

No meu Twitter, vejo a direita lusitana acusada de usar o 25 de novembro, data do contragolpe militar para manter o país em sua rota democrática como uma forma de apagar a Revolução dos Cravos na data de 25 de abril. Sem contar o 25 de maio onde o ps de Mario Soares derrotou o partido comunista liderado por Álvaro Cunhal naquele momento onde Lisboa estava decidindo o rumo de sua democracia onde Henry Kissinger dizia que Soares seria um novo Alexander Kerensky.

Em um momento onde as pessoas estão alimentando seu ódio nas redes sociais. As posição mais claras e contundentes mesmo sendo expressas de uma forma confusa nos mostram um senso de direção confuso e difuso por causa das opiniões não serem compreendidas ou usadas como uma forma de mostrar uma necessidade de afirmar suas crenças diante de uma névoa de um romance de Stephen King onde tudo morre ou tenha-se medo de quando lhe dissipa ao ver uma realidade nítida e confusa ao mesmo tempo.

Hereges

Sempre vejo opiniões contrárias as minhas ou que não concordo. Porém, eu ponho em prática o respeito ao contraditório por questão pessoal e não por vaidade intelectual. Mas nas redes sociais, as pessoas querem mostrar uma santidade que não existe ao expor visões cuja o teor não concordam como uma forma de linchamento a tal ser que cometeu a heresia de expor tais pontos de vista para seus seguidores no Twitter.

No meu Twitter, eu nem compartilho tais coisas por que não ganho nada com isso. Mas as pessoas querem ter engajamento e afins. Um exemplo foi um corte do Pat McAfee show onde o Aaron Rodgers fez troça de Travis Kelce chamando de Mr. Pfizer. Eu nem me incomodei. Mas uma pessoa que trabalha com futebol americano viu aquilo como uma ofensa por defender o Swifties, que são as fãs da cantora Taylor Swifty.

A necessidade de um punitivismo de rede social nos mostra que o mundo não aceita o contraditório. Eu não trabalho dessa forma. Não me sinto superior a isso. Vejo um colunista da Folha se ejactando em suas colunas como um intelectual público por combater o identitarismo. Mas na verdade, se trata de uma forma de mostrar que é um opositor ao pensamento comum por ser um professor universitário desconhecido do grande público.

As pessoas querem mostrar uma santidade que não existe. Somos imperfeitos e deveríamos assumir isso invés de atermos as causas sociais como fazemos uma indulgência como era comum na idade média onde a igreja católica vendia espaços no céu para pecadores como os senhores feudais na Europa medieval. Isso era comum diante do fato do temor perante a figura de deus encarnada por padres e sacerdotes.

Para mim, somos hereges…..mas não conta pra ninguém.

O momento hostil

Cat Person foi um conto publicado na revista New Yorker em 2017 justo em um momento onde o florescimento do Me Too. A trama de uma mulher de 20 anos tendo um encontro com um homem de 34 anos que não deu certo onde surge as paranoias e medos do mundo. Tal história curta virou um filme exibido em Sundance que será lançado nos cinemas ainda este ano. Mas o filme é realista sobre as nossas desconfianças….

O MeToo surgiu como uma cruzada contra os homens que usavam de sua posição de poder para cometer assédio e abusos sexuais. Porém, isso tem efeitos colaterais em vários países como a questão do aborto no Brasil onde um pensamento arcaico quer tolhir o direito das mulheres em ter controle em seus corpos. O que seria uma mudança de facto virou um palco da guerra cultural que nos assombra atualmente.

Temos que ser realistas. Não se resolve isso com um apontamento de dedos e não adianta termos think tanks para estudos comportamentos entre progressistas e puritanos. Isso está erodindo o nosso pensamento público onde podemos criar consensos e afins. Sempre teremos homens aterrorizando as mulheres. Mas não resolvemos isso botando a culpa em todos os machos que vemos pela frente em nossas vidas.

Em um sentimento de desconfiança onde os encontros que dão errados podem virar peças de teatro, contos ou denúncias do MeToo como aconteceu com o comediante americano Aziz Ansari que lhe fez perder um contrato com a Netflix. Isso não funciona atualmente. O recrudescimento do pensamento conservador onde obras mais alinhadas com uma visão puritana ganham repercussão como o sonho de liberdade.

Cat Person nos mostra como o mundo é complicado por nossas nuances. Mas usar um encontro que não deu certo como uma forma moderna de Mulher Solteira Procura nos soa como algo que é feito por pura propaganda progressista que dá margem a revolta reacionária que nos ronda. Cada vez mais vivemos em um mundo de histeria completa que não diminui com as trocas de acusações. Ou seja, temos um pepino pela frente.