O pragmático Tsipras

A Grécia é uma democracia que viveu altas doses de populismo do Syriza. Eis que o partido de extrema-esquerda e anti-austeridade conseguiu ser eleito para formar um governo de coalizão com os Gregos Independentes. Agora, o primeiro-ministro Alexis Tsipras jogou fora a retórica populista para adotar uma agenda pragmática para fortalecer a economia local que sofre com a crise econômica sem precedentes em sua história.

Como explicar essa metamorfose de Tsipras? O simples fato de propor medidas pouco práticas e ainda exigir uma rendição alemã com a proposta de revolução social para abandonar a austeridade se tornou um pesadelo sem precedentes. Os gregos votaram no Syriza por não confiar no Pasok ou Nova Democracia e ainde ter uma opção confiável para negociar os termos de novos acordos de resgate de economia local para os credores europeus e ao mesmo tempo, evitar mais traumas para a população.

O pragmatismo se mostrou necessário diante de uma realidade tão dura para ser enfrentada. As reformas no sistema previdenciário, tributário e trabalhista além das privatizações serão importantes para restaurar a economia grega após meses de populismo representado pelo ex-ministro das finanças Yanis Varoufakis, que tinha ideias loucas para exigir que a União Europeia aceitasse a proposta grega de renegociação da dívida.

Todos que acompanham economia entendem que não se pode fazer populismo em uma área tão vital que pode destruir a vida de uma pessoa comum que paga seus impostos e exige melhores serviços. Mas ver as presepadas feitas por Atenas mostrou que os europeus não tem paciência com aqueles que desejam não fazer as reformas e continuar na dolce vita da União Europeia com uma tática estúpida de chantagem para destruir o Euro.

Mas os gregos elegeram um pragmático que vai trabalhar duro para restaurar a economia invés de um revolucionário disposto a mudar o mundo. Essa mudança adotada por Tsipras só reforça a convicção de que a economia pode forçar uma posição de lucidez do que um festival de trapalhadas propostas por pessoas que só resultam em tragedias que são difíceis de ser reparadas. Os gregos preferem o pragmático Tsipras do que revolucionário Tsipras.

A renúncia de Tsipras

Hoje, a Grécia viveu mais um dia de uma eterna crise política. O primeiro-ministro Alexis Tsipras renunciou ao cargo e convocou novas eleições gerais para setembro. A decisão foi tomada após a perda de apoio de parlamentares de seu próprio partido, a coalizão anti-austeridade Syriza nas recentes votações para aprovar as reformas econômicas exigida pela troika FMI/BCE/UE como contrapartida para receber um novo pacote de ajuda.

A maioria criada pelo Syriza se desgastou diante de tomar decisões controversas além de não cumprir a promessa de acabar com a austeridade que era proposta por Bruxelas. Mas logo viu a dura realidade de negociar as reformas duras para estabilizar a economia. A presepada de se convocar um referendo sobre as negociações com a União Europeia criou uma animosidade entre o Atenas e os ministros de finanças da Eurozona.

O maior crítico do populismo grego foi ministro das finanças da Alemanha, Wolfgang Schäble, que recebeu com alivio a aprovação do novo pacote de resgate feito pelo parlamento alemão além da implementação das reformas exigidas por Bruxelas. A saída de Yanis Varoufakis do cargo de negociador-chefe dando lugar ao discreto Euclid Tsakalotos permitiu que a negociação avançasse em pontos nevrálgicos sem ter arroubos populistas.

Tsipras tinha que aprovar tais reformas diante do desgaste de sua agenda populista. A convocação de novas eleições pode permitir a volta do Syriza no comando dado o fato de que establishment grego como o conservador Nova Democracia e o socialista Pasok ainda estão perdidos desde do início da crise grega em 2010. Tais partidos terão que repensar como irão se fortalecer em um momento que as palavras do Syriza encantam a população que não suporta a austeridade.

Os gregos terão que ter muita paciência para ver melhoras na economia local e a redução da taxa de desemprego que está na casa de 25% da população economicamente ativa. Esse novo momento propiciado pela renúncia de Alexis Tsipras pode tanto fortaceler quanto enfraquecer o líder do Syriza mesmo não conseguindo cumprir as promessas que encantaram uma população desacreditada na classe política que não consegue estancar a crise que ronda o país europeu.

O sim de Atenas

Há poucos minutos, o parlamento grego aprovou as reformas econômicas e sociais exigidas pelos países da Zona do Euro em contrapartida para um terceiro pacote de resgate do valor de 86 bilhões de euros. Isso forçou uma rebelião na coalizão de extrema-esquerda Syriza onde membros do partido votaram contra as medidas como o ex-ministro das finanças Yanis Varoufakis. Isso reforça a tese que o populismo patrocinado pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras ao dizer que a Alemanha é o mal da Europa.

As reformas nos sistema de pensões, mercado trabalhista e as futuras privatizações são necessárias para por a casa em ordem diante de uma dívida de 200% do PIB. Tanto que o FMI afirmou que a mesma é insustentável. A falta de comprometimento do governo grego em fazer mudanças drásticas na economia local pesou nas negociações feitas durante todo o final de semana passado em Bruxelas. Onde foram humilhados por uma esmagadora realidade que o referendo escondeu semanas atrás.

Os gregos gostam de colocar um bigodinho de Hitler na chanceler alemã Angela Merkel e em seu ministro das finanças Wolfgang Schaeuble em suas charges. Mas Alemanha quer que os países da zona do euro tem suas contas públicas equilibradas para tirar a Europa da deflação e do baixo crescimento como aconteceu com o Japão nos anos 1990. A população grega fica se fazendo de uma vítima de uma tragédia anunciada após os governos gastarem mais do que deviam para serem aceitos na eurozona.

Por mais que Tsipras afirma que não apoia o acordo. Ele se faz necessário para ter liquidez nos bancos e no controle de capitais. Ou seja, injeta dinheiro novo para uma economia combalida. O novo pacote de ajuda se faz presente na vida dos gregos que não suportam a austeridade que lhe foi imposta como uma maneira de gerenciar o modo de vida que precisa ser mudado para permanecer na eurozona. Esse é o remédio amargo que tem se tomado de forma séria para evitar novos traumas.

O apoio de partidos de centro e pró-Europa foi importante para a aprovação das reformas. Se depender do Syriza, isso não iria acontecer e teríamos mais um espetáculo populista onde a população seria enganada novamente por um pronunciamento na TV para enaltecer sua posição estúpida e fora da realidade dos gregos que tem apenas o direito de sacar 60 euros dos bancos locais. O sim de Atenas se faz necessário para que a Grécia sai da UTI e possa dormir em seu leito de hospital chamado eurozona.

O desespero grego

Há uma semana atrás, os gregos comemoravam a vitória do não no referendo que rejeitava a proposta da troika FMI/BCE/UE. Agora, o desespero de Atenas volta a ser algo presente com a negociação de um novo pacote de ajuda para pagar as dívidas que vencem neste ano. A cúpula de emergência da União Europeia decidiu que apenas os países-membros que fazem parte da zona do Euro podem decidir sobre um futuro resgate monetário diante de um cenário apocalíptico que ronda a Grécia.

O populismo deu lugar ao bom senso. A proposta apresentada pela Alemanha de uma saída temporária da Grécia da zona do Euro pelos próximos cinco anos foi vista como um plano alternativo. Os boatos de que a Finlândia vetaria um eventual acordo entre a União Europeia e a Grécia deixou o mundo intrigado. A questão principal é como os europeus vão confiar em um governo populista e que usou e abusou da paciência de Bruxelas com a sua demagogia econômica que traz grandes traumas a população.

A foto de um aposentado desolado e sentado no chão após frustrada tentativa de sacar sua aposentadoria é uma prova disso. Por mais que um benfeitor australiano esteja disposto a pagar um salário para aquele senhor que deu a sua vida pelo seu país. Essa é a situação de muitos gregos que viram os tempos de prosperidade se transformaram em um nefasto pesadelo onde não tem alguma forma de acordar para mudar uma realidade presente em suas vidas e que lhe perturbe todo santo dia.

O primeiro-ministro Alexis Tsipras teve que negociar individual com cada chefe de estado ou de governo para que aprovassem o novo pedido de resgate econômico. Mas com a decisão adiada para a quarta-feira e com o fato de apenas líderes da Eurozona vão decidir sobre o futuro grego. A grande questão é se Atenas está preparada para adotar mais cortes de gastos e reformas no setor previdenciário ou no sistema de bem estar social que precisa ser desmantelado para evitar a falência.

A quarta-feira será decisiva para o futuro grego. Tsipras vai ter que abandonar os seus dogmas revolucionários e adotar o bom senso de pragmatismo. A população vai ter que ser o fiscal deste governo que sempre ousa em usar de seu populismo estúpido e que não resolveu os problemas que o país vive. Isso vai depender das discussões que serão feitas ao longo de segunda e terça em Bruxelas. Afinal, este desespero grego não tem como acabar senão houver uma solução sensata para essa crise.

Varoufakis pede demissão e europeias perdem seu deus grego

Após a vitória do não no referendo sobre as negociações entre Grécia e a troika FMI/UE/BCE. Yanos Varoufakis pediu demissão do cargo de ministro das finanças. Conhecido por sua beleza helênica. A renúncia da Varoufakis é um alívio para seus colegas europeus e uma tristeza para as europeias.