Os amigos pra conversar na madrugada

Ontem, eu estava acordado quando vi um cara no Twitter descrevendo a sua crise de ansiedade como uma forma de amparo. Eu lhe falei para respirasse fundo e fosse cuidar da sua vida. Ele tinha tomado rivotril segundo seu relato. A tarde, perguntei-lhe sobre seu estado de saúde e me respondeu que estava com uma ressaca moral. Isso me lembra as pessoas usando os microblogs como uma forma de desabafo para as massas.

O Twitter é um palco para os desabafos a esmo. Porém, poderíamos ter uma conversa para arejar a mente. Mas vivemos em um momento onde temos sermões invés de palavras amigas. Muita gente se sente acanhada para por pra fora seus pensamentos com medo de julgamentos que lhe prejudiquem a sua saúde mental por um sentimento de culpa junto com uma repressão sobre suas vidas sob a égide dos falsos puritanos.

Nas minhas madrugadas em 2011. Eu ficava passando o tempo vendo a programação das TVs e filmes B que passavam no horário. Em 2008, uma professora de inglês tinha uma piada interna sobre mim por ter lhe falado do meu hábito noturno. Isso era em uma época onde eu não tinha um microblog e nem um escritório propriamente dito. Me sentia viver em um vazio por justamente não ter uma perspectiva de vida no horizonte.

Com o tratamento para a esquizofrenia junto com a mudança de hábitos. Eu vi uma luz no horizonte. Isso começou quando eu tinha um escritório na cripta-escritório onde tinha uma mesa de computador dos anos 2000 para me dar apoio no notebook junto com o hábito de dormir cedo para passar o efeito do Clonazepam que era o remédio tarja preta que tomava na época para estar disposto e sem ficar grogue durante a noite.

Hoje, eu tenho amigos com quem posso conversar porque estão no turno da noite como o meu amigo After Home Plate para falarmos de baseball quando rola uma oportunidade junto com a minha amiga torcedora do Toronto Maple Leafs que discute o meio literário alternando sobre as roupas usadas pelas esposas dos jogadores de hockey no gelo. Me sinto bem quando posso me sentir útil quando as pessoas estão dormindo e eu estou acordado.

As amigas românticas

No filme Capitães de Abril, de Maria Medeiros, o capitão Salgueiro Maia interpretado por Steffano Acorsi lida com um oficial do exército tão descrente com o movimento das forças armadas que o ajuda com a Revolução dos Cravos para não deixar a peteca cair. Tanto que ele acompanha o comboio de blindados do exército português por meio de seu conversível. No alto de um tanque, eles conversam sobre a realidade a democracia com uma discussão entre o idealismo e a realidade.

Eu vejo isso hoje quando uma amiga minha que torce para a Mercedes está triste com a eminente saída de Lewis Hamilton para a Ferrari na temporada 2025. Ela sempre torceu por Brackley e ficava xingando meio mundo pelo fato da equipe não poder lhe dar um carro decente afim de fazer frente a Red Bull. Logo me lembrei da música do Crowded House “Don’t dream is over” e lhe mandei em um post no Xmusk.

Essa coisas de mandar músicas, vídeos e fotos começou em 2011 quando fui perguntar a minha psicóloga de como posso ajudar os meus amigos mesmo estando em tratamento para esquizofrenia e isso poderia afetar a minha saúde mental. Ela me falou para fazer uma espécie de almanaque onde pudesse mandar uma mensagem de apoio para tais pessoas como uma forma de elevar a autoestima delas.

Eu tenho uma amiga dos tempos da teoria junguiana que não dava certo pra namorar. Ela sempre reclamava disso no chat do nosso grupo. Como eu tinha uma conta da rádio UOL. Eu fui atrás da música Kiss Me, da banda Sixpencer None The Richer. Eu postei no mural dela no Facebook como uma forma de confortá-la. Minhas colegas/amigas viram o meu post e me agradeceram por eu ser romântico naquele momento como amigo.

Salgueiro Maia sempre foi lembrado por seu idealismo mesmo que a direita portuguesa não lhe concedesse o reconhecimento por seu papel em derrubar o salazarismo. Mas o sonho ainda não acabou em Lisboa ou em Brackley.

A fala simples

Em 2019, eu estava conversando com o meu amigo britânico no Twitter. Então, mandei um print para os meus amigos de teoria junguiana cujo um deles tirou sarro da minha forma simples de falar. Isso me lembra outra vez quando falei que comia um hamburger onde pegava a caixinha para guardar as minhas coisas no escritório. Um ser arrogante tirou sarro de mim por eu morar em uma cidade do interior enquanto ele falava de comida francesa.

Logo percebi que não tinha amigos em um ambiente tão tóxico por ter que se adequar as demandas alheias. Quando estou no Threads. Eu vejo os amigos conversando comigo sem problemas sobre os nossos elos comuns. Isso no mostra que as amizades são boas independente das redes sociais. Em outros microblogs que participo. Tenho a mesma sensação porque consigo trocar ideias sem ser julgador por meus pares.

Em ambientes tóxicos, isso nos cria uma sensação de ter que renunciar aos nossos gostos para atender os protocolos de um grupo social. Mas não temos a liberdade de sermos nós mesmos. Muitas vezes eu era visto como bitolado por acompanhar a política britânica por assistir a BBC enquanto eles ficavam classificando os outros por sua ótica de lidar com aquilo que consideram uma ameaça existencial nesse aspecto.

As pessoas não se sentem confortáveis quando convivem em um grupo que lhe tolhe a sua liberdade de pensar a agir. Quando eu era presente no Twitter. Eu tinha a prática de ter uma boa conversa com os meus amigos por meio de troca de tweets. Isso me ajudou com o inglês e poder conversar sobre futebol americano com o meu amigo professor de filosofia que me deu o código para ter a minha conta no bluesky.

A fala simples….

Os homens que me frustram

Eu tinha um conhecido que eu considerava como amigo no Twitter. Ele ficava falando das ilhas do pacífico onde queria surfar. Porém, ele lamentava o fato de uma mulher não querer estar ao seu lado em um relacionamento aberto. Outro homem mentia a idade para ficar mais próximo das mulheres mais jovens e reclamava da distância de ter uma amante que tinha depressão e era casada e feliz com o marido.

Ou seja, homem brasileiro é um desastre….

Eu percebo isso ao longo da minha vida ao conviver com tais figuras tragicômicas. A necessidade de permanecer jovem para não ser descartado pelas futuras gerações de mulheres junto com homens mais jovens e inteligentes do que eles. No Threads, uma mulher reclamou disso ao se deparar com a realidade de machos frustrantes em relação aos marmanjos criados e escritos por elas em seus romances e contos literários.

No Educere, eu tinha os meus colegas que eram umas crianças. Quando uma estagiária de pedagogia ficava na nossa sala. Eu era o único que tinha a coragem e a audácia de puxar um papo com ela. O pessoal que me provocava ficava de queixo caído por eu ter tal ousadia. No instituto, meus amigos ficavam alardeando uma fama de pegador por eu ter feito várias amigas durante os anos de ensino médio.

Por mais que eu fosse imaturo ao tentar conversar com as mulheres para o desespero da minha mãe com medo que eu tivesse uma forte decepção na qual não poderia me recuperar. Logo eu percebi que tinha uma outra forma de ver o mundo. Eu tenho mais amigas com quem posso conversar nas redes sociais onde posso falar dos nossos elos comuns. Ao mesmo tempo, onde podia ficar um tempo matutando sobre o mundo.

Eu noto que me sinto um lobo solitário por causa da minha aversão a socialização. Uma colega do Educere no qual nutri um amor platônico em 2000 me disse que eu era muito maduro na época. Isso me mostrava que era uma forma de expressar o meu mundo na ocasião. Meus pais sabiam que eu queria namorar naquele momento por um desejo próprio. Mas logo estava vendo que o homem brasileiro é uma frustração.

Eu-poliglota

Eu estava no Threads quando foi lançado para o mercado comum europeu. Vários europeus entraram em tal rede social com as bençãos de madame Verstager. Então, encontrei os franceses e os italianos falando da cultura fitness enquanto um amigo português se perguntava quanto tempo iria ficar lá (e ele não falou mal do presidente da república e do primeiro-ministro). Mas um amigo escritor falou para mim que me admira por falar tantos idiomas.

Nesse caso, foi uma necessidade mais prática na minha vida.

No Educere, nos ofereceram um curso de espanhol em 2001. Mas meus pais não podiam pagar a mais. Sem contar os cursos de inglês para infantes que não poderia fazer porque estava em um consultório com a minha psicologa. Em 1999, a escola tinha uma aluna com pais estrangeiros que trabalhavam em um fábrica aqui em Pinda. Tentei falar, mas travei e sofri uma reprimenda de uma amiga minha na ocasião.

Quando estudei inglês na Start após o ensino médio em 2007. Eu tinha o meu professor sul-africano com quem conversava junto com o meu mestre vocalista de banda punk. Fui aprendendo o idioma de William Hague as duras penas. Mas eu tinha amigos com quem podia conversar sobre política britânica como o estimado ser do cafézinho por causa das minhas leituras da seção midia global do UOL onde lia as matérias estrangeiras traduzidas para o português.

Aprender um idioma te exige uma disposição. Quando comecei a entender o alemão após um toco-block de uma paixão minha. Vi que as coisas foram andando. Já tinha dominado o francês para acompanhar a política francesa e tendo uma noção do italiano. No Threads, estou colocando em prática o italiano e o francês. No Bluesky, eu posto em alemão quando pinta um post sobre assuntos europeus assim no mastodon.

Quando você tem amigos com quem possa conversar em diferentes idiomas. Isso te ajuda a lidar melhor com o mundo. Mas nem todos tiveram a mesma sorte do que eu….