Ontem, o presidente americano Barack Obama disse a frase “no más” durante uma visita a praça da memória em Buenos Aires. A viagem de Obama para a Argentina tem um simbolismo carregado. Na quinta-feira passada, os argentinos se lembraram dos 40 anos do golpe militar de 1976 que permitiu a ascensão do general Jorge Rafael Videla e colocou o país em um período tenebroso em sua história.
A frase No Más significa Nunca mais em uma tradução literal. Mas o simbolismo de tais palavras vem do fato de serem ditas durante o julgamento de Videla e seus colaboradores em 1985. A frase foi dita pelo promotor Júlio César Strassera tão logo terminou seus trabalhos no tribunal. Era uma fala que representou a vontade dos argentinos.
Mas os longos 7 anos de um regime autoritário não são fáceis de serem esquecidos. Obama iria visitar um dos centros de tortura no período militar. A temida escola de marinha mecânica. Mas o roteiro foi mudado porque causaria uma onda de protestos que envolvem a participação dos Estados Unidos dando-lhe apoio aos generais-presidentes argentinos.
Obama lembrou aos argentinos a dura oposição feita pelo então presidente democrata Jimmy Carter, que defendia os direitos humanos de forma ferrenha e questionava as atitudes tomadas pela ditadura militar na Argentina. Mas o próprio Obama reconheceu que os Estados Unidos demorou para esboçar uma reação a este triste período da história argentina.
Mas a frase de Strassera mostra um vigor nunca antes visto na história argentina. Mesmo com a revogação das leis de anistia promulgadas para evitar um conflito aberto entre civis e militares nos anos 1980. As palavras do promotor mostraram ser importantes e ganharam o apoio popular por resumir um momento de lutar pela democracia contra o autoritarismo.