Chuvas no sul e o amigo preocupado

Quando trabalhei na rádio FT. Eu tinha o meu chefe gaúcho. Lembro das vezes onde não podíamos trabalhar devido a uma queda de energia em Pelotas, cidade onde ele mora. Hoje, eu tenho amigos no Rio Grande do Sul se mobilizando para mandar mantimentos as famílias atingidas pelas fortes chuvas no estado. Eu fico preocupado com eles mesmo estando em Pinda e não tendo como mandar a ajuda que tanto precisam.

A minha amiga torcedora do Maple Leafs mora em Cachoerinha, no interior gaúcho. Ela tem feito campanhas de arrecadação para comprar produtos de higiene para a população. A torcedora do Hamilton tem passado maus bocados em Caxias. Onde mora e estuda ao mesmo tempo que se preocupa com as barragens e diques que armazenam água na região. Meu amigo nerd gaúcho mora em Porto Alegre está juntando as coisas para doar.

Quando estamos nas redes sociais com as mãos atadas ou indo a luta para juntar suprimentos e organizar linhas de resgate para as vítimas. Eu compartilhei a lista de QR codes para os pagamentos em pix que meus amigos do mundo do Hockey estão fazendo para mandar recursos ao necessitados. Ao mesmo tempo as pessoas tem adotado a transparência ao prestar contas no uso do dinheiro doado a tais contas.

Os animais não estão sendo deixados de lado com veterinários e amantes dos pets usando suas forças para resgatá-los. Além das pessoas que estão criando abrigos para tais seres onde possam ser tratados. Os programas de humor no rádio gaúcho que acompanho no meu Instagram estão parados até segunda ordem para que as emissoras desse prioridade com prestação de serviço com as informações junto com os apelos do governos municipais e do Palácio Piratini como uma forma de ajudar os gaúchos.

Os dias tem sido complicados para cantos remotos do nosso país como aqui em Pinda. Eu vejo o esforço nas redes sociais onde a prestação de contas combina com a seriedade da situação. Quem estiver lendo este post. Um aviso: precisa-se de água mineral a ser enviada ao RS por causa da falta de tratamento do esgoto e do abastecimento que foi afetado com as fortes chuvas. Os postos dos correios junto com a defesa civil estão aptos para receber doações como roupas, produtos de higiene, alimentos e afins.

Então, ajudem o pessoal nesse momento….

Meritocracia não funciona sem oportunidades

Eu estou no meu xmusk quando vejo um amigo uspiano falando das agruras da faculdade de jornalismo. O sonho dele é fazer um estágio na 89 FM de São Paulo. A 89 é uma rádio rock com forte presença nas redes sociais (eu acompanho para me manter informado). Logo vem a mente que aquela discussão sobre meritocracia onde se vende a ideia que o trabalho duro recompensa o esforço que virou mantra entre os mortais.

Mas nos esquecemos das oportunidades….

Quando comecei no mundo do esporte a motor em 2013. Eu fui trabalhar como tradutor em um grupo de nascar cujo o moderador se tornou um grande amigo meu. Mas ele estava com problemas onde não podia continuar no comando. Então, assumi a função de adm no facebook por um tempo. Um dia, um amigo meu postou uma mensagem no grupo onde procurava redatores para um blog de esporte a motor.

Eu falei que podia ajudar e mandei um texto pra sem nenhuma pretensão. Tanto que esqueci do concurso. Para a minha surpresa. Eu fui selecionado junto com 3 colegas devido a boa qualidade dos nossos textos e estou na labuta das corridas até hoje.

Mas quem tem estas oportunidades de trabalhar com aquilo que gosta ou ter um emprego que lhe pague as contas?

Estamos em um país onde as oportunidades são poucas e raras. Muita gente estuda pra caramba, mas não é selecionada devido as vários fatores como qualificação profissional junto com o popular QI (quem indicou). Estamos falando de uma nação onde não temos meios para uma mobilidade social por meio da educação e do trabalho onde a renda é concentrada em um grupos de uma sociedade que temem a perda dos privilégios.

Parece um discurso do comunismo. Mas na verdade, é o nosso país com as velhas contradições…

Uma greve na USP

Meu amigo uspiano está aderindo a greve dos estudantes. Eles pedem que a USP possa atender os alunos de baixa renda junto com a contratação de professores negros pra integrar o quadro de docentes. Mas que é tratado como uma baderna. Na verdade, é uma pequena revolução. Não estamos falando da burguesia que tanto estudei no Educere. Porém, se trata de jovens com o desejo de mudar uma situação incomoda.

Eu leio a coluna da Cida Bento no caderno mercado da Folha de S. Paulo. Ela retratava o sentimento de não pertencer as bancas acadêmicas. Sem contar os percalços onde a população negra sofre por não ter uma ascensão social por meio de uma educação de qualidade e pública onde possam ter melhores oportunidades de trabalho e renda. O mundo preto sabe que o caminho da faculdade lhe evita tantos transtornos.

Nós então caímos no mundo do cinismo e ceticismo onde um punhado de jovens resolvem se rebelar contra o status quo. Só que devemos notar que eles desejam mudanças dentro de suas possibilidades. Uma amiga do meu amigo uspiano comentou no twitter que 1 real não dá pra nada na crusp. Ele próprio fez duras críticas ao peleguismo tão criticado por outrora por nosso presidente em seus tempos como líder sindical nos anos 1970.

A política estudantil era vista como algo distante diante do cenário de alienação de nossa população em meio a uma realidade cruel. Porém, as coisas mudam quando o ceticismo troca umas palavrinhas com o idealismo como na cena onde um coronel desiludido conversa com o sargento Maia em cima de um tanque de guerra durante a revolução dos Cravos retratado no filme Capitães de Abril, da cineasta portuguesa Maria de Medeiros.

Os jovens tem um ímpeto de mudar o mundo. Eu já tive os meus momentos de Dany Le Rouge no Educere onde fracassei em uma tentativa de derrubar uma professora por abaixo assinado por causa de seu estilo pouco amistoso com os meus colegas. Porém, minha mãe me falava para me afastar em encrencas estudantis. Assim aprendi a fazer política por meio do dialogo. É isso que meu amigo uspiano está fazendo como um Robespierre….

O aprendizado

Semana passada, dois conhecidos que são suecos estavam comentando comigo no Twitter sobre ocupar o tempo por causa de serem pessoas com deficiência. Como passo as horas lendo e escrevendo, lhes falei sobre isso e entenderam. Isso mostra que a necessidade de aprender pode suprir as demandas de um momento onde a sociedade não sabe lidar com aqueles que tem limitações físicas e mentais por causa de tais deficiências.

Eles falaram que aprendem outros idiomas. Pensei nisso quando aconselhei o meu amigo AVC a aprender o alemão por causa do Borussia Dortmund. Só que ele insiste em defender a transmissão dos jogos da Bundesliga na TV aberta. Muitos dos seus amigos aurinegros não tem domínio do idioma de Olaf Scholz por não termos cursos de idioma nos dialetos alemães nas escolas de nosso país do futebol e afins.

Aprender um idioma é uma coisa a ser feita por que permite aumentar a atividade cerebral como a reconstrução de neurônios mesmo que sejam afetados por derrames e acidentes vasculares cerebrais. O conhecimento adquirido ao aprendermos uma nova língua pode ajudar na recuperação do sistema cerebral porque ele pode se adaptar melhor a nova realidade como uma forma de reabilitação dos movimentos.

Temos um problema onde a realidade é dura por termos cursos de idiomas com mensalidades caras. Os trabalhadores dependem das fábricas e de seus locais de trabalho para custear o curso como uma forma de qualificação profissional a ser usado em esquemas como banco de horas e acordos de demissão voluntária onde possam usar o tempo livre para aprender como uma forma de não ficarem parados e sem salários.

Eu sempre falo para aprenderem um idioma como uma forma de emancipação. Isso se faz presente em um momento onde a educação voltou a ser a pauta do dia diante do novo governo assumir a responsabilidade de reconstruir o país por meio de políticas públicas em vários setores. Isto nos mostra que temos uma necessidade de aprender para não ficarmos para trás em uma sociedade 4.0 dos tempos contemporâneos.

Um autista lidando com o libras

Eu estava na farmácia esperando a minha mãe pegar a medicação quando vi uma senhora procurando um creme para o rosto. Só que eu estava com uma máscara e ela não conseguia ler os meus lábios. Então, ela me explicou que surda e me perguntou se eu sabia Libras. Eu falei que não sabia e ela foi me ensinando a fazer os gestos enquanto eu esperava no caixa. Eu colocava me prática o Libras que me ensinava com pouco tempo.

Ela teve meningite aos 12 anos. Isso afetou sua audição. Então, a senhora teve que aprender a leitura labial junto com a Libras pelo fato de se comunicar com as pessoas. Em 2019, eu fui conversar com os meus professores do instituto sobre o fato de eu ser autista a pedido do finado Adhemar. Lá tinha uma palestrante que era mãe de um garoto com autismo e me perguntou o que eu fazia quando ficava com irritação do mundo. Eu disse que ia escrever.

No dia, eu cheguei no meio de um workshop sobre libras para os professores do instituto. Então, a palestrante comentava sobre as diferenças de gestos para as frases em uma linguagem para surdos e mudos em diferentes regiões de nosso país. Nisso, me lembrei de um episódio do Flying Circus, do Monty Python, onde se contava uma história por meio de código Morse como uma forma de tirar sarro das linguagens..

Isso era em uma época onde as linguagens eram tidas como antiquadas diante da aldeia global fornecida por serviços de comunicação via satélite onde as pessoas eram informadas sobre os fatos do mundo por meio de boletins enviados por correspondentes em várias partes do planeta por meio de micro-ondas junto com os aparelhos telex para envio de textos e fotos usando linhas telefônicas para informar o planeta.

A senhora me falou para que eu aprendesse a Libras para comunicar com surdos e mudos por que estarei usando as máscaras e os meus lábios estarão cobertos. Eu sei disso por causa do autismo onde as pessoas se perguntam de como irão nos tratar mesmo com os diferentes graus da condição neurológica em um tempo de neurodiversidade sendo discutido no mundo acadêmico. Vamos ter que nos preparar para uma nova direção.