Meu amigo Luciano está acordado de madrugada quando lhe encontrei no Twitter. Eu estava ouvindo uma entrevista da secretária de política energética francesa no programa Bourdain Direct na RMC enquanto ele ouvia Tom & Jerry, da banda punk Replicantes. Eu ouvi a música e não estava preparado para o bombardeio nacional. Eu expliquei que a sonoridade está mais suja e Luciano prontamente respondeu afirmando que não tinha chegado ao New Wave.
Eu gosto tanto do pós-punk quanto do new wave. A estética punk de Vivienne Westwood e moldada por Malcolm McLaren por meio da banda Sex Pistols onde Johhny Rotten queria vociferar contra a Rainha Elizabeth II pelo fato do estado da economia britânica no momento histórico em que o primeiro-ministro James Callagham tentava reviver o país diante da ascensão da então líder conservadora Margaret Thatcher.
Tanto o pós-punk por meio de bandas como U2, Gang of Four e The Cars quanto o New Wave feito por grupos como New Order e Depeche Mode mostravam um cansaço do público britânico pela luta proletária para falar de assuntos pessoais. John Lyndon (nome de batismo de Johnny Rotten) resolveu criar a world music pelo grupo experimental Public Image diante de capitalismo selvagem de McLaren após o fim do Sex Pistols.
O New Wave era uma forma de satirizar o mundo político e social enquanto o pós-punk buscava uma reflexão sobre a geopolítica mundial. O punk quebrou barreiras, mas o estandarte-mor como o Sex Pistols não tinha paciência pra isso e tanto que foram superados por bandas como The Clash e Damned. A sonoridade da gritaria dava lugar a fusão de ritmos com letras bem escritas pra retratar a sociedade contemporânea.
O punk britânico virou uma forma de protesto enquanto o seu homólogo americano se transformou em uma aula de sonoridade boa onde não se tem uma necessidade de protesto como fazia o Ramones em suas apresentações no CBGB. Enfim, eu ainda sou um filhote do new wave e do pós-punk. Mas não dei certo com as mudanças de humor de John Lyndon ao longo do anos por causa de renegação aguda de seu passado.
Homo Causticus 