Eu gosto de estudar, mas não estou pra farra

Em 2005, eu queria ir a uma festa no instituto que era organizada pela turma da administração. Mas a minha mãe estava preocupada porque ela não queria que me perdesse em uma balada e pediu pra eu voltar mais cedo. Eu e ela choramos porque víamos que não ia dar certo. Em contrapartida, ela falou com meu pai pra passarmos um tempo juntos. Ele tinha um conserto agendado em um porto de areia e fomos almoçar onde lhe contei uma piada sobre o Ronald Reagan.

Mas eu não sou muito de farra….

Muitos jovens querem fazer a vida na balada ou na esbórnia como os uspianos declarando guerra por causa de uma cabeça de peru. Nos Estados Unidos, a cultura do College vai da vida sexual até torcer pelos programas de futebol americano. Mas as fraternidades e sororidades não deixam de lado a sua responsabilidade de estudar. Isso explica porque os americanos são porraloucas, mas tem uma formação de elite.

Quando conversava com os descolados de Curitiba ou baladeiros cariocas. Eu me sentia como o único ajuizado da turma ou o Bob Dylan falando de maconha para os Beattles. Isso me rendia uma certa inveja como um de cara que era chamado Ben 10 que me via como um estranho. Sem contar a dançarina burlesca que não ia com a minha cara por eu escutar o midnight news, da BBC Radio Four.

Meus amigos baladeiros cariocas falavam do dark room de uma balada que eles frequentavam que era organizada por uma amiga minha da turma de teoria junguiana. Como eu era o único paulista da turma. Eu tinha uma função de levantar de madrugada tanto para assistir o Andrew Marr Show ou ver o rescaldo de tal noitada. Sem contar a vez que ajudei na localização de uma linha de ônibus para um luau.

Muita gente quer ter histórias de porralouquice para contar pro netinhos. Uma colega minha do instituto me fez esse questionamento em 2005 porque eu era um leitor de jornal. Ao mesmo tempo, eu era o mais louco da turma por justamente estar a par do mundo. Eu e um grande amigo tivemos uma conversa sobre uma duração de uma transa porque eu tinha lido uma playboy onde o tempo era de 30 minutos enquanto ele argumentou ser de 50 minutos.

As baladas estão longe da minha realidade por morar em uma cidade do interior. Mas eu encontrava modos de me divertir mesmo não precisando ficar bêbado ou vomitando a granel. Logo entendia que acordar de madrugada para assistir os programas da BBC ou ver uma corrida da Formula 1 no continente asiático era uma boa porque eu via os meus amigos com aquele sentimento de culpa por ter enfiado o pé na jaca.

O ditador soviético Josep Stalin tinha encontros em sua dasha com membros de seu governo que iam tarde da noite onde ele deixava a turma encher a cara de vodka para descobrir as tramas contra ele e alimentar a sua paranoia pessoal. Logo vi que era um stalinista no modo o passado te condena….

Eu e o Rio de Janeiro

Bem, o mundo está vivendo tempos conturbados. As notícias de ataques com mortes onde perdemos a conta de tanto sangue derramado por nada. Mas nos últimos dias, eu ficava acompanhando a convenção dos democratas e conversando com um grupo de baladeiros cariocas no whatsapp. Mas virei uma espécie de terapauta paulista-cosmopolita-caipira para os habitantes da cidade maravilhosa.

Sempre que vejo o Rio nas fotos de um amigo marombado paulistano como Moreno Jeff. Penso na visita que a minha mãe fez a tal cidade em 1978. Ela nunca me contou isso. Mas lembro do cartão postal do amigo Miguel Luis. Isso me ajudou na função de entender as neuras de uma cidade partida entre o morro e o asfalto como tão bem retratou Zuenir Ventura.

Sempre ouvi o relato de amigos como Pedro e seus desabafo contra aqueles colegas que estidavam em universidades públicas, mas eram bancados pelos pais desde do dinheiro do tanque do carro do ano ou comprar uma lente de máquina fotográfica que custa dez mil reais e a dura vida em uma comunidade que fica na distante zona norte da cidade.

Lembro de minha amiga Júlia que organiza festas indies ou dos meus amigos baladeiros que sempre combinam para ir a uma festa marcada com absoluta antecedência. Sempre sou convidado para tais encontros via facebook. Mas não sei se poderei a tal evento. Eles ficam impressionados com a minha voz de dublador e pelas besteiras que falo no whats.

Nas últimas horas, virei um terapeuta de whatsapp. Posso dizer que tenho um futuro promissor na área terapeutica mesmo não tendo um diploma reconhecido pelo ministério da educação ou da pasta da Saúde. Por essas e outras, sempre vou ter o Rio de Janeiro em meu coração mesmo nunca ter ido ao corcovado ou visitado a Rocinha e adjacências.

A retroalimentação do extremismo

Durante a votação do impeachment. O deputado federal Jean Wyllis (PSOL-RJ) deu uma cusparada contra o seu colega de parlamento, Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Isto repercutiu fortemente nas redes sociais com fortes críticas ao comportamento de Jean junto com o fato de Bolsonaro ter adotado uma postura controversa ao ter dito Tchau Querida.

Isso cria uma retroalimentação do extremismo. Em 2011, eu publiquei neste blog um artigo em que fazia controversa defesa do direito de falar de Bolsonaro por acreditar na liberdade de expressão e ser contra os processos movidos por famosos contra qualquer que ousa fazer uma crítica sobre tais personalidades. Não mudo uma virgula de tal texto nos tempos que era um advogado de direita, mas reconheço que encontrei uma voz própria e uma visão moderada do mundo.

Naquela época, Jair estava sendo processado por Preta Gil pelo simples fato de ter dito que ela era uma promíscua em uma entrevista ao programa CQC. O processo correu na justiça carioca onde Bolsonaro venceu no STF onde pedia a cassação de seu mandato, mas teve que pagar uma indenização para Preta. Mas isso foi pouco divulgado pela mídia após quase quatro anos de rito processual.

Mas passados cinco anos, pouca coisa mudou. Vivemos uma polarização no Rio de Janeiro onde a Zona Sul defende Jean Wyllis com veemência enquanto Jair Bolsonaro é louvado pela população da Baixada Fluminense. Ambos alimentam uma retórica onde as críticas mutuas dão lugar as propostas como mudar a vida dos fluminenses em que vivem as agruras do estado falido.

A retroalimentação do extremismo ganha força diante de um debate empobrecido intelectualmente em que não se tem a real noção da realidade fluminense. Invés de defender minorias ou maiorias com atitudes estúpidas. Peço que tais deputados federais possam entender a realidade carioca do que apenas ficaram trocando xingamentos e cusparadas.

 

Rio 450

Neste 1º de março de 2015, a cidade do Rio de Janeiro completa 450 anos. Outrora capital do território tupiniquim e atual paraíso das mulheres gostosas de biquínis minúsculos. Os cariocas não tem muito o que comemorar tanto por causa da violência dos morros e favelas quanto as obras urbanísticas para as Olimpíadas de 2016 tocadas pelo prefeito Eduardo Paes. Mas qual será o futuro deste vilarejo com seus contrastes e paradoxos que a população convive por ao longo deste tempo.

A cidade onde a favela encantou o asfalto com o samba e o funk. Mas se assusta quando tem um simples arrastão em Ipanema. Os políticos sempre fizeram um populismo medíocre para angariar mais votos. Hoje, o Rio de Janeiro virou um palco do duelo entre traficantes e milicianos. O carnaval tão celebrado pelas escolas de samba foi esquecido e virou uma peça publicitária onde a Beija-Flor vence a competição com um enredo louvando a ditadura de Guiné Equatorial ou homenageando um contraventor.

O Rio de Janeiro vive uma era da aristocracia enrustida. Os intelectuais da zona sul que sempre tem críticas aos reacionários paulistas, mas sempre dependem da ajuda do porteiro cearense. Isso não permite uma evolução cultural. A cidade virou uma Hollywood por causa dos artistas da TV Globo. Tanto que vemos as fotos deles em lugares públicos como as praias ou um algum barzinho descolado onde as conversas sempre giram sobre aquela dieta do que sua atuação na novela das 9.

Sempre tem uma nostalgia dos tempos de capital do império e da república. Mas a cidade precisa sair da armadilha do passado para pensar no futuro. Não estou falando de programas coniventes com os interesses escusos. Penso que o Rio deveria olhar para frente se quiser se manter em um cartão postal mundial. Enquanto o mundo é rock n’ roll, o carioca é uma bossa nova chata pra burro onde os intelectuais da zona sul admiram como forma de cultura sofisticada para gringo ver e ouvir.

No momento que a cidade completa 450 anos. O Rio de Janeiro exige uma profunda reflexão sobre seu futuro. Não queremos saber do artista global ou da violência dos morros. O carioca quer uma cidade onde os transportes públicos sejam eficientes, a baía do Guanabara seja despoluída a tempo para as Olimpíadas de 2016. Isto exige uma ampla fiscalização do poder público. Quando o Rio de Janeiro completar 500 anos, assim a população terá orgulho desta terra tão cantada quão criticada.

PMs param no Rio de Janeiro e exército vai as ruas para evitar um deus nos acuda

Após as parilisações de policiais militares na Bahia que gerou uma onda de violência antes do carnaval. Agora, PMs fluminenses vão fazer uma greve também por melhores salários. Com temor de uma onda de violência semalhante a de Salvador. O governo estadual pediu que o exército ficasse de prontidão em caso de nenhum PM esteja nas ruas. Tem um lado positivo nisso tudo, temos a possibilidade de estarmos livres da praga do carnaval. Tanto o baiano e o carioca. Nunca tive a sensação que meus ouvidos serão preservados neste periodo fétido do ano.