Os caros amigos, as caras amigas e xs carxs amigxs….

Ultimamente, temos que lidar com os pronomes neutros na língua inglesa diante da ascensão das pessoas binárias e não-binárias. Isso pode soar mais um cavalo de troia do anglicismo. Porém, isso é uma constatação dos jovens e da humanidade onde querem achar o seu lugar no mundo em meio a tantas normas comportamentais junto com os temores que seus direitos não sejam respeitados por uma sociedade.

Em 2006, eu estava lendo a FolhaTeen quando vi a história dos emos serem criticados pelo então líder conservador David Cameron. Em 2012, o presidente mexicano Enrique Peña Nieto fazia duras críticas aos jovens do emocore. Isso não ecoou no Brasil porque estávamos preocupados em lidar com a presidenta em sua nova matriz econômica e seus desarranjos estruturais que não permitiram o desenvolvimento econômico.

Não sou um exemplo de autoridade moral. Mas percebo o medo dos adolescentes e jovens por causa das conversões forçadas em campos de cura (um eufemismo ofensivo). No Reino Unido, a população LGBTQIA+ fez um forte protesto contra a proposta do primeiro-ministro Boris Johnson em não banir os campos de cura no caso das pessoas trans ao mesmo tempo que o país irá receber uma conferência mundial sobre questões de direitos humanos nas próximas semanas.

Eu me pergunto porque as pessoas estão procurando moldar os adolescentes e jovens na marra se eles não se sentem representados em suas identidades. Muitos passam por momentos dolorosos em suas vidas por causa de seu jeito de viver e precisam de amparo por parte da sociedade e do estado por via de abrigos coletivos após saírem de casa por terem de lidar com o sentimento de repulsa como descrito na música Smalltown Boy, de Jimmy Sommerville.

Muitos querem culpar o humor e o politicamente incorreto. Mas me permitam uma reflexão. A liberdade de expressão permite que tantos os preconceitos quanto as identidades sejam discutidas de diferentes formas. Fica claro a necessidade de estabelecer canais de diálogo o mais rápido possível como uma forma de apoio aos adolescentes e os jovens em uma sociedade cada vez mais envolta em suas repulsas internas.