Expulsando a CNN

Bem, quando um país cujo o governo está mal das pernas decide expulsar jornalistas estrangeiros por causa de sua cobertura cheia de interesses é a hora de nós discutirmos o papel do governo em sua jornada contra tais malfeitores das palavras e da dialética. Isso aconteceu na Venezuela comandada pelo seu presidente delirante Nicolas Maduro.

Na semana passada, ele decidiu expulsar os repórteres do canal de notícias americano CNN através da revogação dos vistos de trabalho dos mesmos. A emissora foi vítima da velha tática dos inimigos externos criada pelos regimes autoritários para não permitir o trabalho de jornalistas na busca de retratar os dois lados da história.

A crise política que vive a Venezuela mostra como o trabalho da imprensa livre é necessário para mostrar os problemas que vive um país caótico one o governo não consegue resolver tais problemas. A população tem o direito de saber. Quando o estado resolve censurar ou controlar o fluxo de informação, ele só estimula as especulações entre a população.

Maduro tenta impor medidas consideradas como salvadoras da pátria venezuelana, mas a imprensa local está acuada enquanto a imprensa internacional mostra tais notícias como uma valvula de escape do desespero local por fatos concretos sobre a vida que levam. Esse é o dever da imprensa.

A expulsão dos correspondentes da CNN é mais um capítulo da trágica luta entre a imprensa contra um estado autoritário. Mas os protestos não terminram na Venezuela. Isso prova que os venezuelanos perderam a paciência com seu líder delirante. Será que mais um orgão de imprensa internacional será expulso pelo presidente venezuelano?

Quando os protestos acabam

Hoje, os protestos em dois países terminaram em modos distintos. Na Ucrânia, a polícia invadiu a praça Maidan, na capital Kiev, após três meses de manifestações. A ação causou a morte de 13 pessoas. Enquanto isso na Venezuela, o líder da oposição Leopoldo Lopez se entregou a guarda-nacional após um mandato de prisão ser expedido contra o mesmo.

Parece que os protestos tiveram um fim tragico. Mas é a vitória de uma derrota. As manifestações não perderam força. Mas o recuo pontual foi necessário para que os manifestantes preparassem um modo de vencer a batalha política que vivem. Tanto por causa das violações dos direitos humanos como na Venezuela quanto pelo desejo pró-Europa como na Ucrânia.

Enquanto o presidente venezuelano Nicolas Maduro delira em um momento em que seu país vive uma crise política, social e econômica. O seu colega ucraniano Victor Yanukovych teve que fazer concessões para a oposição terminar a sua longa luta. Mas ambos mantém a predisposição de se manterem no cargo.

O oposicionista Leopoldo Lopez mostra a coragem em tentar derrotar o status quo chavista ao se entregar a justiça para desmoralizar a farsa feita por Maduro. Quando este post está sendo escrito, o presidente venezuelano afirmou que a prisão de Lopez foi negociada pelo lider do governo no legislativo. Ele quer mudança no país pela via democrática.

Lopez e os ucranianos desejam viver livres e prosperos em um regime democratico. Ambos tem que lidar com líderes autoritários que querem permanecer no poder como forma de manter as suas benesses. Quando os protestos acabam sem a vitória dos valores democráticos. Isso não é uma derrota, mas sim o ínicio de uma nova luta pacífica e ordeira em Caracas e Kiev.

A Venezuela de Maduro

A Venezuela foi as urnas no domingo passado para escolher um novo presidente após a morte de Hugo Chávez. A vitória do presidente interino Nicolas Maduro sobre o líder oposicionista Henrique Capriles mostra que os venezuelanos preferiram a continuismo imposto pelo finado Chávez do que a mudança sem rupturas representada por Capriles apesar mínima vantagem de um ponto e meio percentual.

Os venezuelanos estão mais divididos. Mesmo com a morte de Chávez, essa divisão persiste de forma continuada. Maduro teve uma vitória dificil e apertada. Tanto que Capriles desistiu de convocar um protesto contra o resultado ofifcial por medo de ter gente ligada ao chavismo infiltrada no meio da multidão oposicionista. O protesto não seria permitido por Maduro com a justificativa de que a oposição estaria preparando um golpe para derrubá-lo.

Em meio a está luta entre o povo que sofre com uma inflação galopante e com o aumento da violência nas grandes cidades.  A estatal petrolífera PDVSA não consegue competir no mercado internacional desde que mudou a sua orientação para financiamento dos projetos bolivarianos de Chávez que serão continuados sob a batuta de Maduro. Mas não sabemos se Maduro tem o apoio da ala militar do Chavismo representada pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.

O novo presidente tem a legitimidade da população que lhe deu um voto de confiança nessa eleição. Mas por quanto tempo que os venezuelanos terão paciência com o presidente Maduro. Não sabemos se ele terá pulso firme para adotar medidas impopulares para atacar o problema da inflação ou da violência ou esses problemas serão empurrados com a barriga. No campo internacional, não sabemos se ele vai normalizar as relações com os Estados Unidos.

Esses problemas serão o grande teste para maduro como lider oficial e herdeiro político do chavismo.  Isso reforça a impressão de que o chavismo possa se manter coeso mesmo após a morte de seu líder e fundador Hugo Chávez. Essa é a grande questão que será respondida durante o mandato de Maduro.

Com a colaboração de Gabriel Tavares e Bruna Honorato.