Minha mãe me pergunta sobre Hamilton

O piloto da Mercedes Lewis Hamilton no GP de Miami de 2022. Fonte: BBC Sports. Agência: Getty Images,

Minha mãe sempre acompanhou a Formula 1. Nessa semana, ela me perguntou porque o Lewis Hamilton parou de vencer corridas porque fazia dois anos que ela não via uma corrida com a mudança de emissora detentora de direitos de transmitir a categoria. Eu expliquei que Max Verstappen era bicampeão mundial e ela ficou espantada por ficar tanto tempo sem ver uma prova porque na hora, ela arruma o almoço aqui em casa no domingo de F1.

Quando ela era jovem nos anos 1980. Ela era fã de Gilles Villeneuve. Na década de 80, a Formula 1 começou a ser transmitida ao vivo e na integra com a evolução dos satélites e dos sistema de comunicação. Ela viu a era Senna assistindo as corridas na Rede Globo apesar de não aguentar o Galvão Bueno. Ela nunca gostou de coisas onde tinha uma vulgarização do popular com os mantras sobre um piloto.

Em 2019, ela ficou irritada com o Verstappen por causa de ter jogado o Leclerc pra fora durante o GP da Áustria daquela temporada. Ela passou a torcer por Leclerc. Ela estava muito ocupada enquanto eu trabalhava como comentarista junto com o fato de ter perdido a noção de tempo devido a pandemia por ficar muito tempo em casa. Ela sempre gostou de Formula 1 por ser um escapismo aos problemas que enfrentava como a questão do meu autismo.

Nos anos 1990, minha mãe torceu para Jacques Villeneuve na disputa contra Michael Schumacher no título de 1997. Quando eu era criança, ela sempre me ajudava a acompanhar as corridas. Quando uma tia minha me deu uma assinatura da Quatro Rodas após saber que eu e ela íamos comprar a revista no caminho da consulta com uma psicóloga. A QR sempre publicava um guia especial sobre a categoria no mês de março.

Hoje, eu trabalho com a Formula 1 por ser redator do assunto. Quando acordei. Ela me perguntou porque Hamilton parou de vencer as corridas. Eu expliquei a situação do carro da Mercedes foi mal projetado e que Verstappen estava com um bom bólido para a Formula 1. Ela foi deitar enquanto eu vim para o escritório para poder escrever sobre tal assunto. Pelo jeito, ela vai voltar a ver uma corrida assim que tiver um tempo.

A amiga que gosta do Vettel

Em 2013, eu estava começando no mundo do esporte a motor como redator do blog Vida de Paddock com o meu chefe manauara. Eu fui incumbido pra cobrir o GP da Índia porque eu dividia com ele a função de escrever sobre Formula 1. Eu tinha levantado cedo no sábado de manhã para ver a sessão de classificação na BBC One pra ajudar com o meu inglês. Logo vejo a abertura perguntando sobre o futuro da corrida indiana (durou três temporadas por impaciência de Bernie Ecclestone).

Lembrei disso quando vi uma amiga minha lamentando a aposentadoria de Sebastian Vettel da Formula 1 ao final dessa temporada. Ela é uma fã do piloto alemão tanto por suas conquistas quanto por suas posições políticas. Ontem, ela achou estranho o Vettel ter criado uma conta oficial no Instagram pelo hábito dele de ficar fora das redes sociais durante toda a sua carreira no mundo da F1 como ele sempre enfatizou.

Quando levantei hoje de manhã. Fui informado pelo app da BBC Sport que Vettel anunciou a sua aposentadoria. Minha amiga ficou triste com tal notícia. Então, relembrei de 2013. Eu estava começando no mundo do esporte a motor como redator/tradutor mesmo após a morte do meu pai e não ter um local pra trabalhar. Eu ficava no computador da sala onde a minha mãe ficava preocupada comigo por causa da internet.

Quando teve o GP da Índia no circuito de Budh. Eu ficava vendo a sessão de classificação na sala mesmo com um PC barulhento capaz de acordar a turma. Eu aproveitava pra ver as imagens e conversar com os amigos no facebook messenger. No dia da corrida, eu perdi a hora. Mas deu tempo de ver o começo da corrida e acompanhar a supremacia da Red Bull em um performance impressionante de Vettel ao conduzir o carro.

Hoje, uma amiga está pensando como será o futuro da Formula 1 sem ter o ativismo de Vettel nos últimos dois anos foi fundamental para lançar questionamentos sobre o meio ambiente e os direitos humanos em países como as monarquias do Oriente Médio. Logo entendo o sentimento de uma categoria com a consciência tranquila sobre valores éticos terá muita coisa a ser feita sem termos Sebastian Vettel.

A verdade dos fatos

Eu sou um sujeito que acompanha a mídia. Porém, em tempos onde o jornalismo vive uma crise de confiança perante o público desconfiado das notícias de um jornal, mas prefere se informar pelas redes sociais. Logo entendemos o grande problema atual é lidarmos com uma população desinformada e acredita em teorias estranhas sobre o mundo contemporâneo como se fosse uma última palavra de um determinado assunto.

Penso nisso quando acompanho o noticiário da Formula 1. O piloto britânico Lewis Hamilton não fez um pronunciamento público desde dezembro de 2021 quando perdeu o título mundial para o holandês Max Verstappen. A questão fez que a FIA se pronunciasse sobre o assunto após declarações do chefe da equipe Mercedes Toto Wolff ter dito que a possibilidade de uma aposentadoria de Hamilton não estaria descartada pelo fato de como tal perda foi feita por meio de uma decisão confusa de Michael Masi.

Mas vamos aos fatos:

  • O novo presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, publicou o cronograma da investigação sobre Masi.
  • A Mercedes ainda não falou abertamente sobre o futuro de Hamilton.
  • As declarações dos personagens do assunto estão virando notícia do nada.
  • Hamilton está fora das redes sociais desde dezembro de 2021

Os sites de esporte a motor estão publicando várias opiniões sobre o assunto como se fosse uma notícia relevante. Temos que estabelecer uma linha editorial onde se faça jornalismo invés de estenografia como fala a minha amiga correspondente em New York. Isso pede uma apuração mais bem detalhada e demorada dos fatos para evitar que uma guerra de versões ganham o espaço na mídia.

Então, vamos nos ater aos fatos….

Boys in Town

Em 1979, a BBC iniciou a sua cobertura da Formula 1 com o programa Grand Prix com Murray Walker. A abertura das transmissões era ao som da música The Chain, do Fleetwood Mac. Penso nisso quando ouço canções como Stormwind, do Europe; ou Boys in Town, do Divynils. As trilhas sonoras das transmissões esportivas mudaram muito dos anos 1970 para os dias atuais devido a evolução tecnológica do mundo esportivo.

O esporte a motor é um reflexo de um tempo. Minha mãe sempre em ajudava a acompanhar as corridas de Formula 1 junto com a minha tia Nilda que me deu uma assinatura da Quatro Rodas em 1997. Em 2008, eu encontrei uma amiga chamada Karen que gosta de Formula 1 e eu tinha ganhado dois guias do Estadão da temporada 2008 e dei um pra ela acompanhar as corridas daquele ano sem problemas por meio de um bom informativo.

Quando retornei ao esporte a motor em 2013 por meio de um grande amigo que precisava de um tradutor pra matérias da Nascar. Eu aproveitei pra voltar a assistir as corridas devido ao meu novo emprego como redator do Vida de Paddock onde fiz grandes amigos no qual sou grato até hoje. Eu via as etapas da Formula 1 na BBC One pela internet pra fazer um resumo da rodada junto com o meu chefe Gabriel.

Hoje, temos uma presença feminina muito forte no esporte a motor. Porém, devemos aparar as arestas no campo do sexismo para que tenhamos uma convivência pacífica sem termos tais questionamentos sobre a sociedade em constante transformação. Isso nos mostra a necessidade de fazermos tais transformações para que as meninas possam falar de carros em pé de igualdade com os meninos enquanto vemos uma corrida.

Nos anos 1980, várias cantoras sempre escreviam letras sobre como lidar com os garotos como Boys in Town ou cantores como Kenny Loggins em sua música Playing With Boys, que fez parte da trilha sonora do filme Top Gun. Isso mostra como o mundo mudou e devemos entender tais mudanças para não ser atropelados por elas como disse o líder soviético Mikhail Gorbatchov a Erich Honecker em 1989. Mas estamos em 2022…

O ser romântico

Estava conversando com o meu amigo professor de pós-graduação sobre Le Mans. Nós lembramos da reta Hunaudierés quando não tinha as duas chicanes no circuito de La Sarthe. Aquela reta era uma forma de mostrar coragem dos homens que pilotam carros de uma maneira romântica. Pensei nisso antes de fazer a cobertura das 24 horas de Le Mans pelo racing is life por causa do romantismo de um tempo que não volta devido as circunstâncias do momento.

Quando eu era adolescente. Eu queria namorar como uma forma de descoberta de um mundo novo. Porém, as minhas tentativas de namoro deram errado. Na minha época, eu vi amigos como o Renan e o Victor com problemas com as namoradas. Eu fiquei um pouco triste quando encontrei o meu amigo professor da fatec na salinha onde estava organizando a faculdade. Ele percebeu que eu estava chateado e fui conversar com ele sobre a vida. Ele me falou pra fazer algo que eu goste.

Naquele dia, comecei a pesquisar sobre a queda do Muro de Berlim pela internet. Sempre ia conversar com ele sobre os assuntos dos jornais porque ganhava tais exemplares dos meus professores por causa do hábito de leitura. Logo entendia um mundo tão distante de mim. Nossas conversas sempre me ajudaram a lidar com o mundo porque eu era um adolescente que não abandonou o romantismo por defender as ideias de um mundo onde conhecia pelos jornais e revistas.

Na época da Fatec, eu conheci o professor de pós-graduação que estava na função de diretor da faculdade e nos encontrávamos raramente. Mas sempre conversávamos sobre esporte a motor por causa do nosso gosto sobre Formula 1. Eu soube que o Estadão ia publicar um guia sobre a categoria e fui pedir para que tal amigo pudesse guardar um exemplar para mim. Na verdade, consegui dois exemplares em 2008 por causa da professora de Nutrição que assinava o Estadão com quem pegava as colunas do Arnaldo Jabor. Dei um exemplar para uma querida amiga que gostava do esporte.

Logo entendo como o mundo nos últimos anos diante de uma necessidade de atender demandas de uma população diante dos avanços tecnológicos. Isso me surpreende porque faço as coisas por gostar. Era uma forma de não perder o romantismo de um tempo onde as pessoas ficaram mecanizadas por causa das redes sociais junto com uma patrulha do pensamento alheio. Mas ainda encontro o meu amigo professor de pós-graduação para falarmos da Hunaudierés sem chicane.