A comédia é uma válvula de escape na América

A semana nos Estados Unidos foi tensa diante da entrada de policiais nos campos universitários pelo país como na Universidade de Columbia em New York. Sem contar as tensões entre republicanos e democratas em um ano de corrida na Casa Branca. Mas o país de Portland tanto em Oregon quanto em Maine riu do roast da Netflix onde o ex-quarterback Tom Brady foi zoado com piadas pesadas vindas de Jeff Ross a Kevin Hart.

A mídia esportiva americana celebrou o ato como nas reações do First Take da ESPN com Stephen A. Smith e Shannon Sharpe até Pat McAfee em seu talk show esportivo no YouTube. Sem contar Rich Eisen ter sido o mestre de cerimônias do evento ao apresentar a abertura. Logo em um fim de semana onde o Saturday Night Live fez piadas sobre o julgamento do ex-presidente Donald Trump junto com a provável colega de chapa Kristy Noem por causa do seu modus operandi com cachorros.

O humor nos Estados Unidos é uma válvula de escape de uma realidade tão complicada. Jeff Ross fez piadas cabeludas sobre OJ Simpson na sua entrada no evento com a camiseta número 32 e usando luvas que foram as provas que inocentaram o jogador no julgamento de 1995 que foi considerado um evento do século 20 dado o fato de Simpson era um jogador lendário e um ator consolidado nas comédias americanas como a franquia Naked Gun.

O roast foi transmitido ao vivo pela Netflix. Ou seja, os dados sobre a audiência ainda não foram divulgados. Eu assisti uma parte na tarde de hoje e fiquei rindo das piadas tanto de Hart e Ross quanto na estocadas de Drew Bledisloe (escolha nº1 do draft de 2000) e Randy Moss (um dos melhores catchers da NFL nos anos 2000). Sem contar as piadas sobre a inteligência de Rob Gronkowski e a vida sexual do dono do New England Patriots Robert Kraft.

Tais piadas seriam censuradas no Brasil onde os processos cíveis são comuns por parte de celebridades e pessoas públicas contra os humoristas por lhe fazerem troças de seus atos. Sem contar o nosso estômago fraco para o humor negro onde Leo Lins teria uma boa vida sem os custos processais. Os brasileiros são politicamente incorretos, mas não contem isso para os nossos políticos, artistas e intelectuais públicos com impetos paternalistas de ocasião.

Eles só queriam falar de Home Runs

Ontem, morreu o escritor americano Paul Auster aos 77 anos devido a um câncer no pulmão. As reportagens falam de ele ser a voz do Brooklyn. Pois bem, Nova York tem dois times de Baseball como o Yankees e o Mets junto com o finado Dodgers que se mudou para Los Angeles onde permanece até hoje. Pois bem, Auster falava de Baseball e isso foi motivo de uma citação do seu colega cubano Leonardo Padura porque só ele perguntavam de política enquanto desejava discutir Home Runs.

Escritores sempre são entrevistados para divulgarem suas obras ou opinarem sobre o mundo. Auster sempre falava de New York enquanto Padura tinha que falar da política cubana. Isso em um momento onde a aproximação entre cubanos e americanos foi concretizada pelo papa Francisco em 2014. Em sua visita a Havana em 2016, Barack Obama e Raúl Castro foram assistir um jogo de baseball juntos como um gesto de boa vizinhança.

Tanto que a MLB estabeleceu um protocolo para admitir jogadores cubanos. Nos anos de tensões entre Washington e Havana. Atletas cubanos desertavam para jogar na MLB americana. Além da política de admissão de cidadãos cubanos em solo americano onde se pisassem os pés nos Estados Unidos tinham direito do pedido de asilo político aceitado de forma automática como aconteceu na crise do Porto de Mariel em 1980.

Auster estava na espreita para falar de Baseball enquanto Padura só queria ter o direito de comentar um home run. Enquanto víamos a voz do Brooklyn retratando New York. Havana era o palco de romances policiais onde o inspetor ficava cabreiro ao entender as motivações. Ao mesmo tempo que a normalização não prosseguiu devido a crise da Síndrome de Havana que foi desvendada por uma investigação da CBS e da revista alemã Der Spiegel.

Auster nos deixa para falar de New York enquanto Padura ainda lida com os burocratas para que seus livros possam ser publicados em Havana. O que adianta o imperialismo yankee ou os mitos da revolução cubana. Escritores querem ter a liberdade para falar daquilo que tanto gostam. Isso me lembra como Rachel de Queiroz não se interessava por discussões literárias, mas gostava de ver uma luta do Mike Tyson…

As velhas patrulhas em Hollywood

Protestos contra a guerra em Gaza durante a cerimônia do Oscar. Fonte: BBC

Na cerimônia do Oscar 2024. O cineasta britânico Jonathan Glazer usou o palco do Kodak Theatre pra criticar a Guerra em Gaza na visão de um diretor judeu contra a desumanização do povo palestino. Tanto que uma carta assinada por 450 personalidades de Hollywood que são judias foi publicado como resposta por considerar tais falas como antissemitas.

Nem imagino as críticas contra Ramy Youssef por seu monólogo no Saturday Night Live por falar dos árabes-americanos onde tem feito rezas pedindo uma Palestina Livre e a libertação dos reféns israelenses detido pelo grupo terrorista Hamas durante o mês do Ramadã que é sagrado para os muçulmanos tal como a Páscoa para os cristãos e o Purim para os judeus.

Hollywood volta ao velho pendor da censura….

Estamos em um tempo complicado onde as opiniões são distorcidas ou motivos de censura e patrulha ideológica. Glazer e Youssef fizeram críticas certeiras sobre a guerra em Gaza. Mas o público americano defende a liberdade de expressão desde que coincida com as nossas opiniões parafraseando a frase de Carlos Eduardo Novaes em sua crônica sobre o Estado de Direito publicado tanto no Jornal do Brasil quanto no livro Chá das Duas.

Um dos conflitos do 7 de outubro reverbera no pensamento público americano vai desde da lógica de sommelier das tragédias humanitárias é tão comum nos Estados Unidos. Como é a primeira vez em que os americanos se solidarizam com os palestinos. O conflito militar entre Israel e o grupo terrorista Hamas criou problemas como os cartazes com fotos dos reféns israelenses serem vandalizados por ativistas pró-palestina.

Os recentes eventos como a demissão da reitora de Harvard e o voto de protesto nas primárias democratas nos Estados Unidos mostram como os americanos tem problemas ao lidar com as ebulições sociais sem recorrer a censura ampla, geral e irrestrita na nação da Primeira Emenda da constituição de 1787.

Eu gosto de estudar, mas não estou pra farra

Em 2005, eu queria ir a uma festa no instituto que era organizada pela turma da administração. Mas a minha mãe estava preocupada porque ela não queria que me perdesse em uma balada e pediu pra eu voltar mais cedo. Eu e ela choramos porque víamos que não ia dar certo. Em contrapartida, ela falou com meu pai pra passarmos um tempo juntos. Ele tinha um conserto agendado em um porto de areia e fomos almoçar onde lhe contei uma piada sobre o Ronald Reagan.

Mas eu não sou muito de farra….

Muitos jovens querem fazer a vida na balada ou na esbórnia como os uspianos declarando guerra por causa de uma cabeça de peru. Nos Estados Unidos, a cultura do College vai da vida sexual até torcer pelos programas de futebol americano. Mas as fraternidades e sororidades não deixam de lado a sua responsabilidade de estudar. Isso explica porque os americanos são porraloucas, mas tem uma formação de elite.

Quando conversava com os descolados de Curitiba ou baladeiros cariocas. Eu me sentia como o único ajuizado da turma ou o Bob Dylan falando de maconha para os Beattles. Isso me rendia uma certa inveja como um de cara que era chamado Ben 10 que me via como um estranho. Sem contar a dançarina burlesca que não ia com a minha cara por eu escutar o midnight news, da BBC Radio Four.

Meus amigos baladeiros cariocas falavam do dark room de uma balada que eles frequentavam que era organizada por uma amiga minha da turma de teoria junguiana. Como eu era o único paulista da turma. Eu tinha uma função de levantar de madrugada tanto para assistir o Andrew Marr Show ou ver o rescaldo de tal noitada. Sem contar a vez que ajudei na localização de uma linha de ônibus para um luau.

Muita gente quer ter histórias de porralouquice para contar pro netinhos. Uma colega minha do instituto me fez esse questionamento em 2005 porque eu era um leitor de jornal. Ao mesmo tempo, eu era o mais louco da turma por justamente estar a par do mundo. Eu e um grande amigo tivemos uma conversa sobre uma duração de uma transa porque eu tinha lido uma playboy onde o tempo era de 30 minutos enquanto ele argumentou ser de 50 minutos.

As baladas estão longe da minha realidade por morar em uma cidade do interior. Mas eu encontrava modos de me divertir mesmo não precisando ficar bêbado ou vomitando a granel. Logo entendia que acordar de madrugada para assistir os programas da BBC ou ver uma corrida da Formula 1 no continente asiático era uma boa porque eu via os meus amigos com aquele sentimento de culpa por ter enfiado o pé na jaca.

O ditador soviético Josep Stalin tinha encontros em sua dasha com membros de seu governo que iam tarde da noite onde ele deixava a turma encher a cara de vodka para descobrir as tramas contra ele e alimentar a sua paranoia pessoal. Logo vi que era um stalinista no modo o passado te condena….

O mundo entre o TikTok e o Tesla

Ontem, a câmara dos representantes dos Estados Unidos aprovaram uma moção onde pleteia o banimento do app TikTok do mercado americano por questão de segurança nacional. O TikTok pertence a empresa chinesa Bytedance. Ao mesmo tempo, Pequim estuda formas de retaliação caso tal lei seja aprovada no senado como dificultar a vida das montadoras de carros americanas em solo chinês que afetaria a Tesla.

Logo nos vemos em mais uma guerra fria de ordem econômica….

O mundo se tocou que Pequim é uma ditadura de partido único com a égide do Partido Comunista Chinês. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos acionaram a sua paranoia de inimigo comum. Os carros americanos vendem bem na China enquanto os jovens gostam das dancinhas no TikTok na América. A chinanet reproduz os sucessos das empresas americanas dentro das limitações das leis chinesas nos tempos que a economia americana exportava empregos nos acordos sino-americanos.

Está simbiose era comum nos dois lados do pacífico. Tanto que o governo chinês afirmava que os Estados Unidos tinha um déficit fiscal de 2 bilhões de dólares com Pequim enquanto a economia chinesa comprava títulos do tesouro americano nos dados de 2006. Mas logo vem Trump com a sua presepada retórica de 2017 afirmando que um acordo comercial sino-americano é um péssimo negócio porque não foi feito por ele.

Tesla é a única fabricante ocidental que não precisou de um sócio chinês para ter uma subsidiária em Pequim. O Tiktok conquistou os jovens americanos por vídeos curtos sem as coisas do snapchat ou instagram. Americanos e chineses precisam se entender do meio ambiente até a regulação digital junto com os elos comuns em áreas de interesse estratégico como a questão militar e as contendas do meio diplomático.

O TikTok sempre foi uma arma do soft power chinês. Mas a BBC revelou que uma jornalista do Financial Times teve a sua vida exposta após agentes do governo chinês a investigaram por meio de acesso a dados de sua conta em tal rede social. Os carros elétricos da Tesla são proibidos de estarem em certos locais por determinação do partido comunista. Sem contar que as montadoras chinesas são o novo alvo do inimigo comum da Casa Branca.

Então, o mundo está entre o Tiktok chinês e o Tesla americano…