O mal-estar de colégio particular

Nos tempos complicados como vivemos. Eu leio da Folha de S. Paulo onde se tem críticas aos colégios particulares de elite onde estão fazendo preconceito contra os alunos de origem humilde com pensamentos elitistas. Só nessa semana citaram a escola paulistana Porto Seguro e o colégio brasiliense Galois pelo mesmo motivo. Mas me pergunto porque tais pessoas pensam que pagando por uma educação valorizada não mudam os defeitos humanos?

Eu estudei no Educere que era um colégio particular perto da oficina do meu pai. Ficava na junção do condomínio Village e o bairro do Araretama. Eram dois extremos de uma cidade como Pinda onde tais alunos eram meus amigos e colegas de escola. Por mais que tivesse problemas por ser autista onde as diretoras falavam para a minha mãe que estivesse com uma psicóloga para tratar do problema por não ter amizades.

Estamos falando dos anos 2000 onde não tínhamos redes sociais e eu podia ficar sozinho sem ser incomodado no intervalo. Nessas ocasiões, o tio Edu me chamava para a sua sala pra conversar pra passar o tempo. Foi assim que aprendi sobre os caças Mig soviéticos. Hoje, os alunos dos colégios particulares destilam um sentimento de aversão contra as pessoas mais simples nos grupos de whatsapp todo o tempo.

No Educere, meus pais sempre me ajudavam a lidar com isso. Minha mãe ia conversar com a diretoria para ver o que podia ser feito enquanto meu pai sempre me buscava quando tinha uma emergência ou quando podia ir embora mais cedo. Eles se preocupavam comigo e sabia que podia contar com a ajuda deles. Hoje, os pais dos aluninhos querem que seus filhos repliquem uma visão tacanha do mundo pago a vista.

Quando as crianças reproduzem os vícios e as virtudes de seus pais não tem como o professor poder consertar isso na marra. Logo em um momento onde se fala do ensino da afrocultura no currículo escolar ou pensar que tais escolas podem servir como uma forma de engenharia social por meio dos lações de amizade. No Educere dos anos 2000, eu só pensava em ler e ver o mundo bem distante de um clube de elite e afins.