As mortes ignoradas de San Fernando Valley

O mundo pornô está lidando com o luto com a morte de Kagney Lynn Karter na semana passada aos 36 anos. Ela ganhou o AVN em 2008 como revelação do ano e tinha atuado na paródia pornô do filme O Silêncio dos Inocentes. Ela estava lidando com problemas pessoais oriundos de uma doença mental e tinha se mudado para o estado americano de Ohio onde tinha um trabalho como dançarina junto com um perfil nos sites de assinatura de conteúdo.

Pois bem, este parágrafo foi escrito por que tal morte não ia repercutir fora da bolha como é dito atualmente. Os atores e atrizes pornôs tais como os criadores de conteúdo erótico são seres invisíveis de uma sociedade onde não são vistos ou reconhecidos. Estamos falando de um mercado bilionário que se pulverizou dos estúdios de San Fernando Valley para os quartos de um apartamento no condado de Kenosha, no estado de Winsconsin.

O último grande destaque de mortes no meio pornô foi em 2015 com o suicídio de August Ames e a morte de Shyla Stylez. Naqueles dias, 5 atrizes pornôs morreram em um espaço de duas semanas. Mas pouca gente se atentou ao fato porque estávamos preocupados com a ascensão de Donald Trump nas primárias republicanas onde a população de pensamento mais puritano não se importava com o passado hedonista do laranjudo da Trump Tower.

Kagney Lynn Karter estava em uma vida mais tranquila. Mas tinha problemas como pagar as contas diante do preconceito onde os atores pornôs não são vistos como pessoas normais como foi no retratado no filme Boogie Nights, de Paul Thomas Anderson. Tanto que os amigos dela fizeram um campanha de financiamento coletivo para bancar os custos do traslado do corpo da atriz para a sua cidade natal por que a família não tinha como arcar com tal procedimento para um funeral digno para ela.

Os Estados Unidos tem um grande mercado pornográfico. Porém, as restrições de acesso ao material adulto estimulado por lobbies conservadores tem impedido a renda dos trabalhadores do setor em regiões afastadas dos grandes centros onde o poder legislativo estadual é controlado pelo Partido Republicano que procura constranger os consumidores como é comum entre os americanos desde dos anos 1970 onde Larry Flynt brigava com o status quo por meio da Hustler.

Hoje, os Estados Unidos lida com uma guerra cultura tendo a pornografia como uma das suas trincheiras. Os criadores de conteúdo sofrem restrições nos pagamentos dos serviços de assinatura por causa da seção 230 onde as empresas do setor financeiro não podem oferecer tal suporte bancário devido ao fato de tal modalidade ser considerado prostituição que é crime em Washington.

Assim temos que os atores e atrizes cujo os dramas e infortúnios pessoais não são levados em conta no Capitólio…