O garoto que tinha amigas mais velhas

Minha mãe ficava preocupada comigo por que eu puxava papo com desconhecidos e sentia um medo de ser rejeitado. Isso não acontecia porque ela seguia um conselho de uma amiga nos anos 1970 onde não me liberava pra brincar com outras crianças em restaurantes para não me ver metido em encrencas. O fato de eu ser autista que não tinha muito tato com o mundo ajudava a alimentar tais preocupações em relação a mim.

Mas uma coisa que me deixava feliz era conversar com uma garota mais velha.

Quando eu estava no Educere em 1996. Eu tinha um jeito pra conversar com as garotas mais velhas do que eu. Não tinha muitas amigas da minha idade por ser um garotinho estranho. Os garotos mais velhos sempre brincavam comigo por ser tão diferente. Eles me caçoavam por causa de me verem sentado sozinho no intervalo. Mas era uma espécie de sujeito tão único por ficar em um canto para o espanto da diretoria.

Em 1999, eu tinha uma amiga com quem conversava sobre a corrida espacial entre americanos e soviéticos. Nossas mães sempre conversavam nas festas do Educere. Eu nutria uma paixão que ela não sabia e aproveitava o pouco tempo que ficávamos juntos pra conversar. Eu ganhava o meu dia nesses pequenos momentos com ela em 2001. No ano onde eu ficava assistindo o Arquivo X pro pessoal do Educere não saber.

Quando tentei namorar em 2001. Meus pais me falavam que eu era jovem demais para aquilo. Eles temiam que eu sofreria com tais rejeições e pudesse me fechar ainda mais. Porém, eu só estava procurando um sentido na vida a dois onde poderia ter alguém para conversar sobre os nossos elos comuns.

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