Viktor Frankl e o Mustang

Minha amiga torcedora do Hamilton não tem tido bons dias diante das enchentes no Rio Grande do Sul. Ela mora em Caxias do Sul que sofreu um abalo sísmico com poucos estragos. Sua saúde mental foi para debaixo da sola do sapato. Ela trabalha na Ford por meio remoto. Então, ela ganhou um livro ilustrado dos 60 anos do Ford Mustang. Ela postou uma foto no Twitter e lhe perguntei se tinha uma foto de um Mustang dos anos 1980.

Eu mandei uma foto do carro em questão e falei que o motor era fabricado no Brasil. Além do carro me remeter aos filmes pornôs dos anos 1980. Ela riu de tal presepada de minha parte. Posso dizer que o foi o primeiro riso compartilhado em uma rede social em dias. Isso nos mostra que as pessoas precisam do humor como uma forma de escapismo de uma cruel realidade como as tragédias que nos assolam em nossas vidas.

Vários humoristas, terapeutas e a minha amiga colunista da Folha citam o austríaco Viktor Frankl por falar do senso de humor como uma forma de antidoto aos momentos sombrios da humanidade. Frankl era judeu e sobrevivente em um campo de concentração na segunda guerra mundial. Seu trabalho como psiquiatra permitiu ter uma reflexão sobre as piadas e sua função social como a morfina dos tempos complicados.

No Educere, eu lidava com o mundo tão hostil onde os meus colegas ficavam implicando comigo por ser diferente. Lembro da vez de um colega me pôs cantando para me constranger. Isso era duro para mim. Na 8º série em 2003. Eu vi a válvula do humor ao fazer sons de forma espontânea e engraçada. Meus amigos me viam com um futuro promissor na comédia no modo radiofônico. Isso me ajudou no instituto por causa da leitura e do teatro.

Hoje, não podemos rir das tragédias diante da ampla patrulha da moral e dos bons costumes. Tais pessoas nunca leram um livro do Frankl para se julgarem como paladinos sociais. Vamos ter que esperar o bolor ser posto pra fora como uma forma do tempo curar as cicatrizes. Mas fico feliz ter feito uma amiga rir por um justo momento com uma piada sobre o Ford Mustang dos anos 1980 e suas linhas quadradas boas para mulheres em um lava rápido em trajes sumários.

Hannibal Lecter é gente fina

Os comícios de Donald Trump beiram ao surrealismo ao tratar de assuntos falados no improviso desatroso. No último fim de semana, ele elogiou Hannibal Lecter. Hannibal é um personagem do filme O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme, que rendeu o Oscar de melhor ator de 1991 ao britânico Anthony Hopkins no ano dos filmes de terror com kathy Bates levando a estatueta de melhor atriz por Louca Obsessão.

O impacto da atuação de Hopkins como uma psiquiatra serial killer que ajuda uma agente da FBI interpretada por Jodie Foster na casa de um assassino que sequestra e mata mulheres mostrou uma cartase de um momento onde as pessoas perguntavam sobre si mesmas e seus limites. A Veja deu como capa em 1991 como um debate sobre a estética da violência nos filmes por causa da glamourização do violento.

Anthony Hopkins estava limpo do alcoolismo desde 1980. Ele tinha feito uma interpretação estupenda de Frank Doyle no filme Nunca te vi, sempre te amei que contava a história real da escritora americana Helen Hanff que encomendava livros na livraria 84 charing cross road em um momento onde os britânicos viviam um esquema de racionamento de comida diante do esforço de recuperação do país após a segunda guerra mundial.

Em Silêncio dos Inocentes, Hannibal Lecter é um louco que domina o filme com suas loucuras e com sua vasta cultura para ajudar Jodie Foster a capturar um serial killer. Isso seria comum nos anos 1990 com Gillian Anderson interpretando Dona Scully na série Arquivo X onde procuravam respostas sobre o desconhecido com o seu colega Fox Mulder sendo interpretado por David Duchovny.

Trump quer tentar voltar aos anos 1990 onde era visto como o playboy símbolo de New York que foi motivo para ser capa da Playboy em 1990 num gesto de que isso envelheceu mal após seu desastre natural por ser presidente dos Estados Unidos e vários processos judiciais nas costas. Ao falar de Lecter para a multidão de seu comício. Logo entendemos por que Hannibal não tinha muita paciência com o público.

As más notícias do front ocidental

Eu tenho uma amiga que é autista que mora no Canadá. Ela ficou ausente das redes sociais por um tempo por causa da últimas notícias vindas do Rio Grande do Sul. Uma conhecida minha adotou a mesma estratégia. Na eclosão da guerra Israel-Hamas, eu fiquei mal com o mundo com direito a crise de ansiedade. Tive que me afastar do noticiário por uma semana. Mas será que as últimas tem nos feito tão mal?

As pessoas estão mais expostas as reações do mundo e se adoentam por se sentirem impotentes e com as mãos atadas diante do cenário desolador que nos assola. Isso se amplificou com as redes sociais onde a humanidade expõe suas virtudes e seus vícios sem filtro. A guerra em Gaza deu palanque a pessoas que se julgam as ditadoras da minha opinião enquanto a tragédia no Rio Grande do Sul deu palco ao cinismo e descrença.

Isso me lembra o doctor Jeckill e Mr. Hide tão bem representado pelo desenho do Pateta nos anos 1940 onde um educado pedestre se transforma em um motorista monstruoso. Porém, isso ocorre na humanidade por que as redes sociais são isentas de responsabilidade por opiniões ditas por seus usuários. Isso é um pilar da internet comercial criada nos Estados Unidos em 1996 sacramentada pelo artigo 230.

Hoje, os jovens sofrem com as redes sociais por ver o pior da humanidade. Ao mesmo tempo que pessoas como eu e a minha amiga autista sofremos com as nossas crises existenciais. Em tempos que se inventam novos métodos de educação que não resolvem o cerne da questão de nossos adolescentes que não sabem interpretar um texto ou perderam a capacidade de separar a ficção da realidade por meio de tais textos de rede social.

As notícias não nos fazem mal. Mas a rede social com seus problemas e sua forma de ver o mundo onde o ódio é o combustível do pensamento público não nos permite ver o lado belo da vida como a generosidade brazuca com o povo gaúcho ou as pequenas conversas entre palestinos e israelenses com suas diasporas tentando achar o ajuste fino da paz mesmo com o Hamas e o Bibi querendo enterrar a paz entre nós. Afinal, o bom coração não dá lucro no vale do sílicio.

Virtus Exclusive

Em 1990, a Volkswagen lançou uma versão de luxo do seu sedã Santana para o mercado brasileiro em um tempo onde a liberdade criativa das filiais brasileiras das montadoras estrangeiras era absurda por não termos o conceito do carro global. O Santana Exclusive tinha um acabamento que poucos carros nacionais tinham na época como bancos confortáveis e afins. No ano passado, a VW lançou o Virtus Exclusive.

Ontem, eu vi um Virtus Exclusive que é de um amigo taxista da minha mãe que estava no caminho da minha casa. Eu fui tirando as dúvidas com ele e ela a reboque da nossa conversa. Ele me mostrou o VW play e lhe perguntando coisas sobre o carro. Esse é seu segundo virtus e falando das virtudes do carro por ser econômico e além de ser espaçoso. O carro lhe ajuda com o trabalho de taxista por ter um bom espaço interno.

Eu tinha lhe falado do comparativo do Virtus com o Nissan Sentra feito pela revista quatro rodas em Março. O Nissan venceu a parada. Mas para o taxista, o Virtus é melhor para lhe atender suas necessidades como ter um carro com manutenção barata e como ele anda muito por causa dos passageiros como uma forma de baixo custo com a gasolina por ser econômico tanto na cidade quanto na estrada.

Eu estava impressionado com a drl que nada mais do que a luz diurna do carro entre outros equipamentos de segurança como o controle de cruzeiro adaptivo junto com o sensor de faixa. Além de ter falado com orgulho da chave presencial que lhe ajuda com as portas do carro. Eu estava na padaria junto com ele e com a minha mãe. No caixa, ele estava cansado e queria ir para casa para tomar o café da tarde.

A retomada da leitura da quatro rodas e da auto esporte ajuda nessas horas…

As narrativas

Eu fico lendo o jornal naqueles momentos de achar esperança na humanidade. Mas isso é posto em vão na enxurrada de informações. Todos querem a paz no Oriente Médio. Porém, o primeiro-ministro israelense insiste na guerra e o líder militar do Hamas persiste na tortura psicológica. Tanto que os articulistas estão mais perdidos do que nunca na falta de clareza da situação em seus artigos nos jornais, revistas e sites.

Então, usam o termo narrativa…

Parece que as coisas não estão indo bem. Então, usemos a narrativa. A grande confusão intelectual dos tempos da rede social se resume a contar uma história para agradar as massas invés de investigar os fatos para entender a situação. A militância do rio ao mar quer pregar que Israel é algo colonialista enquanto a população israelense afirma que precisa se defender do antissemitismo presente nas entrelinhas.

Enquanto a nós, ficamos confusos com o tiroteio da notícia…

Mas vamos esclarecer as coisas. Israel tem o direito de se defender. Porém, isso não se resolve com bombardeios a esmo. Mas o recurso de ataques militares foi adotado por causa da capacidade militar do Hamas de lançar foguetes em regiões próximas a fronteira com Israel. Os israelenses não deveriam ter cortado o fornecimento de energia, água e comida para a população da Faixa de Gaza e ter se referido aos palestinos como animais nas palavras do ministro de defesa israelense.

Os estudantes universitários que defendem a Palestina livre deveriam ter um pouco de nitidez intelectual. Os palestinos não são uma muleta para suas aspirações utópicas. Eles querem um estado livre. Eu defendo uma dupla derrota entre o líder do Likud e a liderança do Hamas para que a paz reine entre a Palestina e Israel. Mas temos uma névoa que não se esclarece com o tempo.

Quando não temos clareza nos fatos. Vivemos o sequestro da narrativas tão comuns no mundo contemporâneo.