Aprendendo com as pessoas

No Educere, eu sempre tinha uma resposta pronta na língua nas aulas de história e geografia. Isso dava um problema com os meus colegas por eles não entenderem isso. Nos tempos dos baladeiros cariocas, ganhei o apelido de Siri de um colega nosso por ter um vasto conhecimento sobre o mundo. O que seria uma forma de aversão a sociedade se tornou uma forma de estabelecer laços com o desconhecido sem problemas.

Eu vi isso ontem. O meu amigo DeGrom estava falando sobre o fato do presidente francês Emmanuel Macron ter dissolvido o parlamento e convocar eleições legislativas. Eu expliquei que o chefe de estado tem o poder de dissolver a assembleia nacional por causa da constituição de 1959 escrita por Charles De Gaulle e aprovada em um referendo. O mecanismo é descrito no artigo 16 e já foi usado por Jacques Chirac em 1997 que culminou com a vitória do socialista Lionel Jospin para o cargo de premiê.

Minha amiga autista que mora no Canadá estava falando sobre os nossos problemas com o mundo. Lá pelas tantas, eu lhe falei do comercial de 1998 do Pizza Hut que tinha o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev como garoto-propaganda. Isso em um momento onde o mundo se encantava com Moscou como no filme Anastasia, da Disney, que usa os primeiros anos do comunismo na Rússia como pano de fundo para um conto de fadas com o clã Romanov que foi citado por ela no twitter.

As pessoas querem diminuir os outros por ter um vasto conhecimento. Isso me causou vários problemas no Educere porque tiravam sarro de mim por ter um hábito de ler. Nessas horas, eu tinha os meus amigos de 60 anos com quem podia falar das minhas descobertas. No instituto, eu não passei por esses perrengues por ter amigos com quem podia conversar sobre isso como o Vitão e o meu amigo leninista naquelas horas.

Hoje, os tempos do mansplanning nas redes sociais e com o Google sem usado a torto direito. Não vejo tanta a aplicação do conhecimento em nossas conversas. As pessoas estão tão seguras em sua ignorância proposital que não aceitam que alguém lhe ilumine a mente para falar dos assuntos que lhe interessam. Só vemos uma sociedade iletrada como sempre onde a inteligência é perseguida como uma forma de controle social de poucos sobre a multidão. Assim caminha a humanidade.