Meu pai era assim

Eu estava assistindo o Young Sheldon em um episódio onde o pai de Sheldon e seu vizinho estão conversando sobre seus filhos em um local secreto. Isso me lembrou como o meu pai era um desconhecido entre os meus colegas do Educere por nunca terem o visto por mais que eu conhecesse os pais deles e puxar conversas. Eles nunca iam entender o senso de humor de um senhor franzino e complicado.

Eu sempre falava para os meus colegas sobre meus pais serem separados. O que era um tabu nos anos 1990. Eles nunca se casaram e tiveram brigas feias. Mas meus pais tinham um acordo de paz entre eles por causa de mim. Minha mãe teve que engolir vários sapos que só foram revelados após a morte de meu pai anos depois. Era um processo doloroso para manter uma normalidade da aparências para a minha infância.

Uma coisa que os meus colegas nunca entendiam é como a minha mãe era durona e eles não conheciam o meu pai. Ele tinha um humor próprio. Lembro de ter sido mandado para a diretoria por causa de uma briga na 7º série quando Miriam, a secretária me deu uma moeda de 50 centavos que meu pai deu de troco no pagamento da mensalidade do Educere. Ele sempre tinha essa coisa de um humor de boteco que frequentava.

Quando saímos juntos. Meu pai sempre me levava a um restaurante. Quando tirávamos o saquinho dos talheres. Ele me aconselhava para guardar como uma espécie de camisinha. Tive momentos duros com o meu pai no tempo que trabalhei na oficina dele. Ele queria me ver como um mecânico e não me deixar no ócio. Mas logo me aceitava como um intelectual por me ver como revistas e jornais nas minhas mãos como leitura.

No curso técnico de informática em 2008. Ele ia me buscar no Instituto para me levar para o inglês. Seu hábito de fazer um jogo da mega sena era comum nas quarta-feiras por que ia na lotérica para registrar a sua fézinha. Sempre me dizia que se ganhasse um prêmio. Ele ia montar uma loja para mim. Meu pai tinha uma outra família e era sábido da minha existência. Isso foi assim até a sua morte em 2013 após uma longa agonia em uma cama de hospital.

Uma semana depois, eu estava no Insituto para acertar as questões de uma palestra para os alunos a pedido de um grande amigo como Adhemar. Ele foi me levando aos cantos para ver como estava a escola após muito tempo que não pisava os meus pés. Num desses momentos. Eu vi o Renato, que conheceu meu pai e a minha mãe. Quando apresentei minha madre. Ele logo arrematou que poderia ter sido o meu pai. Coisas de boteco…