O nobre leitor e leitora deste blog compreendem que tem conversas com o colunista do Estadão. Pois bem, no último domingo. Ele ficava preocupado com a incompreensão do sistema político italiano diante do fato de não termos correspondentes em Roma e como os brasileiros que visitam a praça São Pedro não compreendiam os 63 governos em 72 anos de vida republicana.
Como não faço turismo. Resolvi criar um blog sobre política italiana chamado Cartas de Roma. Tanto que já postei um texto sobre a recente decisão do presidente Sergio Mattarella de não aceitar o gabinete do primeiro-ministro Giuseppe Conti e suas implicações no cenário político na terra da macarronada e do coliseu romano em ruínas eternas.
Mas o meu amigo colunista do Estadão ainda não entendeu como os italianos aguentaram 63 governos de primeiros-ministros como Aldo Moro, Bettino Craxi, Giulio Andreotti, Silvio Berlusconi, Romano Prodi, Mario Conti, Enrico Letta, Matteo Renzi e Paolo Gentiloni. Ele tem razão em não entender como funciona a democracia parlamentar da cidade eterna.
A Itália do meu amigo colunista do Estadão é dos filmes do neo-realismo de Pier Paolo Pasolini, Federico Fellini, Victorio Gasman, Luchino Visconti. Sem contar as peças de teatro de Dario Fo onde exaltava-se o anarquismo e a poesia de Cesare Pavese. Enquanto a minha Itália é da geração de chefes de equipe de montadoras como Fiat e Lancia como Luca Di Montezemolo, Danielle Audetto e Cesare Fiorio.
Enfim, terei mais uma eleição para cobrir diante do fato de Mattarella não aceitar um governo de coalizão populista entre o Movimento 5 estrelas e a Liga. Terei que destrinchar o cenário político da cidade eterna para entender como tal nação sobreviveu a 63 governos entre idas e vindas. Mas meu amigo colunista do Estadão ainda vai ter muito trabalho pela frente.
63? No Brasil, não aguentamos 1!
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a diferença é que na Itália, os políticos não se intrometem no cotidiano da população que já atura a máfia em regiões mais pobres como sícilia e napoles
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